Conflitos da caminhada

Por

Vera Rocha*

Em 19.07.2020

As estradas se alargam e/ou se estreitam ante os olhos do viajor.

Em tempos de escuridão deve-se calcular o terreno com serenidade para por os pés com segurança em terra firme.

Se emoções desencontradas crescem no mais íntimo do Ser, contempla-se com tranquilidade para absorver as lições do momento e descartar as inutilidades.

Seguir firme na esperança de que futuramente a luz despontará.

Na travessia da vida muros se erguerão, portas se fecharão, tempestades surgirão, poderemos vacilar e na incerteza cair, sofrer, chorar… faz parte do processo de autoconstrução.

Importa firmeza na caminhada com honradez!

Reconhecer fragilidades, mas, também, se impor como indivíduo em construção, sem culpas ou desânimo.

“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher”.

Cora Coralina

Descortinar novos horizontes, raciocinar com Cora Coralina quando diz que “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher”. Que riqueza de expressão! Lembro a história de certa professora que era tida como louca, por fazer gestos incompreendidos na janela do trem, quando do seu trajeto para a escola.

O terreno era árido, a paisagem descuidada. Seu aluno de longe observava e questionava o porquê daquela esquisitice diária. Ao final do ano ela o convidou a observar da janela do trem a mudança na paisagem. Estava tudo florido! Só então ele descobriu que o gesto esquisito com as mãos que ela fazia, era no jogar as sementes que se transformaram em flores e embelezaram aquele percurso.

Ela não semeava apenas conhecimento na mente dos seus alunos, também semeava flores na sua trajetória e embelezava o caminho por onde passava!

Ampliar nossa visão em relação aos tempos atuais, sendo agentes transformadores de nossas paisagens mentais e conflitos materiais, tal qual a professora em sua semeadura. É imperioso alargar estradas e fazer brotar a semente do bem.

*Vera Rocha é escritora, poeta, psicopedagoga, autora do livro “A cidade vista da minha janela & outros olhares” e membro da Academia Cabense de Letras. Escreve aos domingos.