“Os dados apontam que o assédio e a discriminação ainda são realidades persistentes no mercado de trabalho. A percepção de que a denúncia pode trazer prejuízos à carreira reforça a necessidade de políticas eficazes para garantir um ambiente mais seguro e igualitário para as mulheres”, destacou Gisele Müller, fundadora da Éssi Consultoria.
Na avaliação de Gisele, iniciativas para mitigar microagressões, manifestações sutis que reforçam desigualdades e dificultam a ascensão profissional também são necessárias.
Este panorama também se refletiu na pesquisa, pois 48,4% das entrevistadas disseram que são alvos de piadas machistas. Já 31% afirmaram que, nas empresas em que trabalham, atribuições de tarefas administrativas são feitas com base em estereótipos de gênero. Além disso, metade das participantes declarou que ser mulher compromete a avaliação do desempenho profissional.
O levantamento revelou, ainda, que quatro a cada dez mulheres precisam interromper colegas para serem ouvidas em reuniões e só têm suas ideias aceitas quando repetidas por outra pessoa.
Já cinco a cada dez mulheres relataram frequentemente duvidar de si mesmas após exporem um fato ou ideia. Além disso, sempre ou frequentemente, homens explicam situações óbvias como se elas fossem incapazes de entender sozinhas.
“Este cenário reforça desigualdades estruturais e afeta diretamente a confiança e a trajetória profissional. Criar ambientes corporativos mais inclusivos requer ações concretas para minimizar esses impactos”, ressaltou Gisele.
Equidade no trabalho
Quando questionadas sobre equidade no ambiente de trabalho, 47% das entrevistadas falaram que há igualdade em termos de remuneração, promoções e oportunidades de carreira. No entanto, outras 42% discordaram, citando que quase metade das colaboradoras ainda percebe disparidades de gênero.
E mais: 43% das mulheres concordaram que suas empresas possuem programas ou benefícios voltados para a equidade de gênero. Em contrapartida, 42% ainda não percebem ações que revisem práticas e políticas que possam representar obstáculos às suas carreiras.
“Esse número reflete uma realidade preocupante: a autocobrança excessiva e a falta de confiança são barreiras significativas que impedem muitas profissionais de avançarem em suas trajetórias. Essa tendência pode estar relacionada a estereótipos de gênero e a um ambiente que, muitas vezes, não encoraja as mulheres a assumirem riscos ou a se verem como merecedoras de posições de destaque”, acrescentou Gisele Müller.
Os demais dados e todas as conclusões do estudo podem ser acessados por meio do site da Éssi Consultoria.
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