Ética serve para quê?

Por

Veridiana Duarte Alves*

Em 08.09.2020

A maioria das pessoas nem pensa muito sobre ética, o que não é grande surpresa, visto que vivemos num mundo onde tal conceito parece ser tão estranho. Assim sendo, seria a ética, de fato, necessária nas relações pessoais? Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ÉTICA é “o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto.” Em outras palavras, a Ética é a reflexão pautada nas ideias de bem e mal, para o direcionamento de nossas escolhas.

Quando nascemos somos ‘um livro em branco’, cada experiência é escrita neste livro, no qual ao longo do tempo conseguimos acumular várias informações que nos norteiam nas nossas escolhas. Entretanto, como são adquiridas essas experiências? Evidentemente, na vivência com outras pessoas, que, no princípio, são nossos pais, de onde se nota a importância da educação familiar. Posteriormente na escola, com professores, amigos e assim sucessivamente.

O filósofo alemão Ernst Tugendhat (nascido em 1930) nos ensina que o comportamento moral e ético consiste em reconhecer os outros como iguais em deveres e direitos enquanto seres humanos. Aristóteles (384 a.C. / 322 a.C.), por sua vez,  acreditava que o Homem não nascia bom ou justo, ele se tornava na medida da prática de atos correspondentes a esses valores.

Outra grande personalidade histórica a abordar ostensivamente essa questão foi Jesus, o Cristo, o qual deixou em seu Evangelho dois mandamentos: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao Próximo como a si mesmo”, indicando que, ao agirmos dessa forma, seremos éticos e respeitosos para com as outras pessoas.

A ética é o raciocínio norteador de escolhas diárias que possuam impacto na manutenção da nossa harmonia social. Dá-se aí sua importância e serventia. Ela nos faz pensar que não devemos excluir ninguém por diferenças, sejam elas sociais, psíquicas, econômicas, culturais, físicas, ideológicas, raciais e de gênero. Devemos ser inclusivos em todos os sentidos, nada justifica o preconceito. É a velha história de nos colocarmos no lugar do outro antes de agirmos e nos questionarmos: Se alguém fizesse isso comigo, eu me sentiria bem? Caso a resposta seja positiva, prossigamos, do contrário, avaliemos outras possibilidades.

Felizmente, nosso Livro da Vida só é concluído quando falecemos, portanto, estamos em constante aprendizado. Todos os dias surgem oportunidades para exercitarmos nossa ética. Assim, que possamos refletir a cada ação, por meio da ética, escrevendo uma história justa para conosco e para com aqueles a nossa volta.

*Veridiana Duarte Alves é contadora, administradora, especialista em Gerência Contábil, Auditoria, Perícia e Controladoria. Pós-graduanda em Gestão de Projetos Sociais do Terceiro Setor. veridianaduarte13@gmail.com