Suicídio: é possível evitá-lo

Por

Ana Rosa Lira*

Em 25.09.2020

Abordar a temática de suicídio é algo complexo, que traz inúmeras reflexões. O tema promove o pensamento, acerca do porquê do aumento significativo de casos ao longo dos anos. A cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio no mundo. Já no Brasil, o número de casos chega a 11 mil por ano, segundo o Ministério da Saúde, o que se constitui em um problema de saúde pública.

O suicídio não acontece de uma hora para outra. Tal ato é, na verdade, o desfecho trágico de um processo, muitas vezes longo e gradativo. Processo este, variável de acordo com a estrutura da personalidade de cada pessoa.

Deixar de existir, ter a coragem de acabar com a própria vida, é uma saída considerada por muitos em momentos de crise. A ideia de acabar com a própria existência, segundo pesquisas da literatura específica, é identificada em indivíduos de todas as idades.

A esfera que perpassa o contexto do processo suicida pode envolver diversas demandas, no que tange à saúde mental das pessoas. Alguns exemplos são estados de depressão crônica, problemas de autoconfiança e autoimagem, traumas emocionais profundos, associados à sensação de desamparo, abandono e solidão, abuso de álcool e entorpecentes, entre outros fatores.

Vale ressaltar, que cerca de 75% das vítimas de suicídio falam ou dão sinais de sua intenção e de sua dor. Geralmente, costuma-se observar um caminho a ser trilhado em relação aos comportamentos suicidas. Um dos primeiros passos é desejar estar morto ou ir dormir e não acordar mais, o que vários especialistas consideram uma ideação suicida passiva, que, dependendo das circunstâncias, pode apenas ser um pensamento momentâneo e eventual, com baixos riscos no que tange a prática propriamente dita do ato.

Estamos em setembro, mês este dedicado à conscientização da sociedade acerca do combate a práticas suicidas. É muito importante haver campanhas de conscientização nesse sentido, como o setembro amarelo. Contudo, devemos cuidar da saúde mental o ano todo, não deixando de lado os pequenos indícios que as pessoas demonstram quando não estão bem. Atente-se aos pedidos de ajuda, mesmo que estes não sejam explícitos, observe o que é verbalizado nas entrelinhas, às mudanças repentinas de comportamento, à introspecção exagerada e os comportamentos autodestrutivos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 90% dos suicídios podem ser evitáveis. A melhor estratégia de prevenção é escutar com respeito e oferecer acolhimento. Quando uma pessoa com ideações suicidas sente confiança para falar das suas emoções e da sua dor, poderá essa ideação suicida fazer parte das estatísticas positivas de mais uma vida salva, visto que o ato suicida foi evitado.

Ao identificar possíveis casos de suicídio, converse sem pressa, escute abertamente, seja empático. Pergunte como pode ajudar e mostre sua real preocupação. Veja nesta conversa, um pedido de ajuda.

Busque ajuda de profissionais especializados na área de saúde mental. Esse movimento permitirá a elaboração da dor e do processo de sofrimento vivenciado por uma pessoa com ideações suicidas, ressignificando assim a sua existência fazendo com que a mesma consiga descobrir novos caminhos para sair do processo de sofrimento, passando a viver de forma mais plena e feliz.

*Ana Rosa Lira é psicóloga, especialista em recursos humanos e em psicopedagogia escolar, mestre em Educação e professora universitária.