Projeto desperta gosto pela leitura em quase meio milhão de crianças refugiadas no mundo
O trabalho dedicado da cientista jordaniana Rana Dajani está despertando o gosto pela leitura de quase meio milhão de crianças em 56 países. Bióloga molecular, ela criou o projeto We Love Reading ou Adoramos Ler. Ao retornar ao seu país, depois de cinco anos atuando no exterior, ela constatou que poucas crianças jordanianas liam por prazer. Com estudos nas universidades americanas de Harvard e Yale, passou a pesquisar o tema e percebeu que a maneira de uma criança se apaixonar pela leitura é tendo um modelo, como um dos pais lendo em voz alta, por exemplo.
Dajani foi para a mesquita e começou a ler em voz alta para as crianças, todas as semanas na capital do país, Amã, na Jordânia. Foi assim que em 2006 nasceu o projeto “We Love Reading”. Desde então o projeto já treinou mais de 7 mil leitores voluntários em 56 países e fez de Rana Dajani a ganhadora regional para o Oriente Médio e Norte da África do Prêmio Nansen Refugiados. A distinção é concedida pela Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), que hoje (01.10), anunciará o vencedor global deste ano.
Segundo Dajani, todos os anos mais de 4,4 mil sessões são realizadas atualmente pelo globo. Ela diz que os voluntários, que tem entre 16 a 100 anos de idade e são conhecidos como embaixadores da leitura, “estão no comando do programa e o executam onde quer que estejam.”
A iniciativa teve grande sucesso na Jordânia, que atualmente abriga mais de 658 mil refugiados sírios. Depois, o modelo foi replicado no acampamento de Kule, na Etiópia.
Dajani diz que a maioria dos refugiados não sabe o que vai acontecer no futuro e isso afeta sua saúde mental. Segundo ela, o projeto “dá a eles um propósito, algo tangível.”
Uma das voluntárias, Latifa Al-Laham – uma refugiada síria de 55 anos que fugiu do conflito para a Jordânia em 2013 – conta que após abandonar a escola na sexta série, parou de ler livros. Em janeiro, completou o treinamento We Love Reading e passou a contar histórias e a ler para seus netos e os filhos dos vizinhos. Ela diz ser uma pessoa diferente depois do treino, que lhe deu “o poder e a confiança para ser alguém diferente.”
Rana Dajani admite que está surpresa com a popularidade global do projeto, mas diz que isso apenas a leva a trabalhar ainda mais para promover os benefícios da leitura entre as crianças. Com informações da ONU News.
Foto: ONU News/Hafiz Kheir –