Complexo de “Barbie”

Por

Valéria Saraiva*

Em 12.10.2020

Vocês já pararam para observar que a maioria das bonecas tem corpo de manequim? A cor do cabelo da maioria é loira, pele branca e são magras. Você consegue encontrar cores de cabelo, textura e até cores de pele diferentes, mas a grande maioria segue esse estereótipo de modelos caucasianas, que dominaram as vitrines das lojas, principalmente nas vésperas do Dia das Crianças.

As crianças acabam se acostumando a ver isso como um padrão de beleza. E acabam querendo se enquadrar nesse modelo, o que eu chamo de complexo de “Barbie”. As crianças que não se enquadram nesse perfil acabam sofrendo de baixa autoestima.

Algumas desenvolvem transtornos alimentares como bulimia e anorexia, por quererem se enquadrar em um padrão impossível. Algumas sofrem bullying na escola por estarem acima do peso, fora dos padrões que a moda exige.

Acabam precisando de ajuda terapêutica para conseguir se aceitar. Mesmo pra uma criança magra, esses padrões de beleza são difíceis de alcançar por conta de outros fatores: estatura, cor da pele e dos cabelos e também textura dos cabelos.

Mesmo para uma mulher ou homem adultos, as regras da moda são difíceis de lidar. Imagina pra uma criança.

Elas precisam do apoio dos pais pra se aceitarem do jeito que são.

Segundo Ramón Campoamor y Campoosorio, “A beleza está nos olhos de quem vê.”

Já pra David Hume “A beleza das coisas existe no espírito de quem as contempla.”

Não é a beleza exterior que interessa e sim a interior. Vamos procurar crescer como seres humanos, cultivando valores como amizade, solidariedade, amor.

A verdadeira beleza está dentro de nós. Precisamos ensinar isso a nossas crianças, para que elas não sofram no futuro complexo de “Barbie”.

Somos seres humanos e somos perfeitos do jeito que Deus nos fez.

Como disse Antoine de Saint-Exupery na sua obra ‘O pequeno príncipe‘, “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.”

*Valéria Saraiva é enfermeira, poetisa, cronista, autora do livro “Lírios, Tulipas e escorpiões” e membro da Academia Cabense de Letras. Escreve às segundas-feiras.