Um estupro a cada 8 minutos no Brasil em 2019
José Ambrósio dos Santos*
Em 22.10.2020
A cada dia do ano passado 180 estupros foram registrados em média no Brasil, o que corresponde a um estupro a cada oito minutos.
Se esses dados já lhe causam repulsa e revolta, esses sentimentos ganharão ainda mais força com os dados que seguem. Em 2019 foram 66.123 boletins de ocorrência de estupro e estupro de vulnerável nas delegacias de polícia. A maior parte das vítimas é do sexo feminino (85,7%). Em 84,1% dos casos, o criminoso era conhecido da vítima: familiares ou pessoas de confiança. Quase 60% (57,9%) das vítimas tinham no máximo 13 anos. Além disso, 18,7% das vítimas tinham entre 05 e 09 anos de idade, e 11,2% eram bebês de zero a 04 anos.
Uma triste e inaceitável realidade exposta na edição 2020 do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (14ª edição), com dados de 2019.
O estudo revela que no ano passado houve um crescimento de 7,1% em relação aos casos de feminicídio. As vítimas, em sua maioria, eram negras (66,6%), tinham entre 20 e 39 anos (56,2%), e foram mortas pelos companheiros ou ex-companheiros (89,9%).
Sobre a violência doméstica, em 2019 uma agressão física era registrada a cada 2 minutos. Ao longo do ano, foram 266.310 ocorrências de lesão corporal dolosa em decorrência de violência doméstica.
O Anuário também revelou um aumento da violência contra crianças e adolescentes. Entre as vítimas de assassinatos no país em 2019, 10,3% eram deste grupo. As vítimas eram do sexo masculino (91%) e negras (75%).
Dados de importunação sexual também foram incluídos no levantamento. O crime entrou no Código Penal em 2018.
No primeiro ano completo de vigência da lei, em 2019, foram registrados 8.068 casos de importunação sexual, levando a uma taxa de aproximadamente 6,6 vítimas para cada 100 mil habitantes.
Os dados da 14ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública ilustram uma realidade já anunciada desde os primeiros meses da pandemia causada pela Covid-19: a violência de gênero cresceu, enquanto as denúncias diminuíram.
O estudo aborda de forma mais ampla os dados de 2019, mas aproveita para mostrar os impactos da pandemia registrados no primeiro semestre de 2020 em relação aos registros do ano anterior.
De acordo com o levantamento, houve um aumento de 1,9% nos feminicídios e de 3,8% nos chamados para atendimentos de violência doméstica realizados por meio do Disque 190 durante o primeiro semestre de 2020, em comparação ao mesmo período no ano passado.
Já o número de registros de violência doméstica nas delegacias caiu 9,9% na mesma comparação. Ao todo, nos primeiros 6 meses de 2020, foram realizados 147.379 chamados ao 190 para atender ocorrências neste sentido, contra 142.005 nos primeiros meses de 2019.
As denúncias de lesão corporal também diminuíram, indo de 122.948 no primeiro semestre de 2019 para 11.791 em 2020.
Em relação ao total de casos de estupro registrados houve uma queda de 22,9% na mesma comparação – de 33.019 casos em 2019, contra 25.469 em 2020. Os pesquisadores responsáveis reforçam que a queda não é positiva, pois é resultado das dificuldades para que as vítimas realizem as denúncias.
E pensar que recentemente um famoso jogador de futebol – como é mesmo o nome dele? Sim, Robinho, esse mesmo, já nem me lembrava o nome dele, embora admirasse muito as suas pedaladas – lamentou que exista o movimento feminista, depois de vir a publico a notícia de que teria se envolvido em caso coletivo de violência sexual contra uma mulher albanesa, na Itália. Ele foi condenado a nove anos de prisão.
Como comentou o jornalista Hamilton Rocha em sua coluna semanal Show de Bola, neste blog, na segunda-feira (19), “Robinho, que pedalada triste!”
Em relação aos ataques aos vulneráveis e bebês, por mais que me esforce sei que não encontrarei as palavras adequadas para expressar o sentimento de revolta e repulsa registrado no início deste artigo. Asco. Com informações Observatório do Terceiro Setor, Universa UOL | O GLOBO.
*José Ambrósio dos Santos é jornalista e membro da Academia Cabense de Letras.
Foto destaque: Foto: Adobe Stock | Licenciada | Laurin Rinder
Quando paramos para conhecer a situação das Mulheres Negras, as abusadas, as fragilizadas pela imposição da Cultura Machista, no mínimo devemos sentir sororidade. As mulheres precisam sair da dependência física e emocional dos companheiros e companheiras que lhes castram o direito a vida. Assistência de Base, Instrução, autonomia e empoderamento feminino, eis os pilares para a libertação das mulheres do julgo machista. Com relação a violação de crianças e bebês é tão absurdo que sinto ânsia de vômito. As lutas por políticas públicas voltadas as causas das mulheres são essenciais. Veridiana Duarte (Só para esclarecer, não estou candidata)
Pois é, Veridiana. Situações terríveis, hediondas, inaceitáveis.
Os dados da violência contra as mulheres são assustadores e a cada dia crescem desenfreadamente. O texto nos leva a um reflexão sobre essa situação desumana e desigual.
Correto, Edilene. E você, como educadora, deve conhecer muitos casos de violações e violência contra mulheres e vulneráveis. Inaceitável.