Rezadeiras, as médicas de Deus
Jairo Lima*
Em 25.10.2020
O confrade da Academia Cabense de Letras, Ricardo Gomes, indicou-me assistir o documentário O RAMO. Um projeto audiovisual feito com muito esmero e que ressalta um trabalho abnegado de fé e de luz, contando parte da nossa cultura popular, sobretudo do nosso Nordeste, através das curas realizadas pelas rezadeiras.
Primeiro, chama a atenção o rito, pois quase sempre é utilizado um galho de planta, mas, às vezes, também a simples imposição das mãos, seguida de uma oração bem peculiar, mas com forte energia de fé e de amor ao próximo.
Os “males” curados chamam a atenção pelos nomes bem curiosos: espinhela caída, mal olhado, vento virado, cobreiro, íngua, quebranto e tantos outros.
É possível encontrar uma rezadeira numa cidade urbanizada, mas é nas cidades pequenas onde elas mais se concentram, e é ai que tudo chama ainda mais a atenção.
Muitas cidades pequenas sofrem pela falta de profissionais de saúde e este foi um dos motivos para o surgimento das rezadeiras. E lá se foi seu Biu pra casa de Dona Rosinha em busca da sua cura. A avó que leva a neta para as bênçãos santificadas de Dona Maria Dolores e Seu Carlos que levou até o cachorro piaba que estava com os ‘quartos’ arriados…
Elas comumente são dotadas de grande sensibilidade, além de serem médiuns em potencial, capazes de canalizar boas energias que de fato amenizam, estancam ou mesmo curam enfermidades e enfermos, E vários são os relatos, cidades afora. Eu mesmo, na minha infância, com minhas crises de ‘cansaço’, fui levado muitas vezes às mãos caridosas de Dona Isabel, do Bairro de São Francisco, no Cabo de Santo Agostinho, e sempre voltava aliviado.
As rezadeiras, digamos, verdadeiramente abnegadas, não cobram por seus serviços “sobrenaturais”, seguindo a máxima cristã: de graça recebeste, de graça deveis dar. Aliás, são dotadas da sapiência cristã a um nível tão refinado que compreendem perfeitamente um outro ensinamento de Jesus: o de que nós, a partir da nossa fé e elevação moral, podemos praticar atos e intervenções balsâmicas e restauradoras em nós mesmos, bem como em nossos próximos. Abaixo segue o link do documentário O RAMO.
https://www.youtube.com/watch?
*Jairo Lima é gestor público e artista. É membro da Academia Cabense de Letras.
Texto ótimo. Parabéns !
Obrigado pela deferência, Andrea