Na reta final

Por

Carlos Sinésio*

Em 27.10.2020

A campanha política para as eleições de prefeitos, vices e vereadores em 15 de novembro entra agora na reta final. É a fase decisiva para o eleitorado definir em quem vota. Ou se também não vota, claro. Começa a última etapa da propaganda política na TV e no rádio neste primeiro turno (o guia termina no dia 13 de novembro) e chega-se no pique das movimentações de rua e nas redes sociais. É quando acontecem também os debates mais acirrados entre candidatos nos veículos de comunicação, embora esses eventos tenham sido reduzidos devido à Covid-19.

Como foi dito certa vez pelo ex-governador Agamenon Magalhães, a ilusão da política é maior do que a ilusão do amor. Ou seja, muitos candidatos, às vezes até bem nas campanhas e nas pesquisas, imaginam que estão eleitos ou com grandes chances de vencer, mas na verdade a urna eleitoral é coisa traiçoeira e não merece confiança. Como já dizia minha avó, em urna, bunda de criança e cabeça de juiz ninguém sabe o que tem dentro antes se conferir bem.

Quando o povo quer mudar uma situação num regime democrático não tem quem o impeça de fazê-lo.

Quem acompanha política mais atentamente já deve ter visto muitos candidatos dormirem eleitos na véspera da votação e depois ficarem decepcionados com a decisão dos eleitores, os quais podem mudar de opinião até mesmo quando estiverem na cabine da votação. Quando o povo quer mudar uma situação num regime democrático não tem quem o impeça de fazê-lo. Felizmente, isso é próprio dos regimes democráticos, mesmo que ainda fragilizados, como dizem ser o nosso.

Pois bem, é chegada a hora do eleitor avaliar melhor em quem deve votar, pois a esta altura os postulantes aos cargos já apresentaram boa parte das suas ideias e propostas para trabalharem, se sucesso obtiveram nas urnas. Os que não se apresentaram bem para o eleitor e ainda patinam para conquistar os votos de que precisam tratem de fazer isso imediatamente, pois a campanha está no fim.

Aliás, quando uma candidatura está em declínio fica bem mais difícil se angariar recursos e apoios para ela, não é mesmo?

Vale aqui lembrar outro adágio popular que diz que fogo de ladeira a cima e água de ladeira abaixo ninguém segura. Isso vale, também, para políticos que estão subindo ou descendo nas pesquisas de intenção de votos numa reta de chegada. Como se sabe, muitas pessoas não gostam de votar e apoiar quem está caindo. Aliás, quando uma candidatura está em declínio fica bem mais difícil se angariar recursos e apoios para ela, não é mesmo?

Por outro lado, quem está bem na fita, tem certeza de que vai ser eleito ou passar para o segundo turno (onde houver), é recomendável não cantar vitória antes do tempo. Ao contrário, a humildade e o trabalho incansável até o final da votação, seguindo rigorosamente a legislação, é que podem assegurar a glória eleitoral.

Assim, todo cuidado é pouco, pois qualquer deslize pode ser fatal e botar tudo a perder, como já vimos em eleições antigas e também recentes. Muito trabalho com o pé no chão é fundamental para quem quer conquistar a vitória. Ou evitar uma decepção sem limite.

*Carlos Sinésio é jornalista com 35 anos de profissão. Trabalhou nos jornais O Globo, Jornal do Commercio e Diário de Pernambuco. Foi assessor de comunicação em diversas instituições públicas e privadas e repórter freelance no jornal O Estado de S. Paulo e na IstoÉ. Atua na TV Alepe. Escreve às terças-feiras.

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