UNESCO discute construção de uma cultura de paz mundial
Redação
Em 27.10.2020
“Os mais jovens têm um papel importante para a cultura de paz, porque podem contribuir positivamente para processos de mudanças sociais que transformam comportamentos, relacionamentos e atitudes participativas e inclusivas.” Foi destacando essa visão que a diretora e representante da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, reforçou a importância do debate que discute sobre os desafios e oportunidades para uma cultura de paz pós-COVID-19. Organizado pela Unesco Brasil em parceria com o escritório do organismo da ONU em Pequim (China), o encontro tem o objetivo de promover e discutir ideias sobre temas como tolerância, solidariedade, justiça social e respeito à diversidade para o desenvolvimento de sociedades mais inclusivas e pacificas.
O encontro fez parte do Fórum Internacional de Nanjing pela Paz 2020, que ocorre de forma híbrida devido à pandemia. Sessões centrais serão realizadas na cidade chinesa, e contarão com a presença de convidados locais. Sessões regionais serão coordenadas online em vários locais ao redor do mundo. Mediadora, Marlova Jovchelovitch Noleto destacou o comprometimento das Nações Unidas em não deixar ninguém para trás e a urgência da cooperação internacional no momento em que o mundo atravessa uma das piores crises da história. “Mais do que discutir a cultura de paz, a UNESCO acredita na importância de traduzir esse conhecimento para a prática, algo que deve ser uma realidade nas políticas públicas, nos sistemas de justiça e nas ONGs”, afirmou.
Em sua abertura, o fórum promoveu o resgate dos princípios do “Manifesto 2000: por uma cultura de paz e não violência”, lançado pela UNESCO nos anos 2000. Ele foi fruto de um trabalho de laureados do Prêmio Nobel da Paz, entre eles Mikhail Gorbatchov, Rigoberta Menchú, Shimon Peres, Desmond Tutu, Nelson Mandela e Dalai Lama.
O encontro virtual contou com vários especialistas no tema. Confira abaixo algumas participação:
“A América Latina e o Caribe têm uma cultura do privilégio que está muito mais enraizada na sociedade do que a cultura da paz. Dizemos que somos muito pacíficos, mas somos uma das regiões mais violentas do mundo. A região está passando por um momento muito tenso, e devemos aproveitar a oportunidade para promover a cultura de paz. Devemos reavivar isso dentro de nós e na região”.
Carlos Mussi, diretor da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) no Brasil.
“Diferentes formas de violência, como a estrutural e a cultural, e outras formas simbólicas de violência, devem ser entendidas e refutadas usando princípios de cultura e paz. Precisamos um do outro porque coexistimos coletivamente, e a cultura de paz está fundamentalmente ancorada na coexistência”.
Lia Diskin, co-fundadora da Associação Palas Athena
“Para desconstruir a violência, é necessário mudar nosso sistema de justiça, e a justiça restaurativa é um dos caminhos. Seu objetivo é substituir a culpa, a acusação, a punição e toda uma dinâmica que envolve medo e hostilidade, por uma outra dinâmica que permite o desarmamento, a responsabilidade, a reparação de danos, e o diálogo em nossa fábrica social”.
Leoberto Brancher, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
“Nunca antes na história postos de trabalho como o de entregadores, enfermeiras, profissionais de limpeza, por exemplo, tiveram tanto reconhecimento. Um dos efeitos da pandemia da COVID-19 será o reconhecimento de pessoas em todas as áreas de trabalho. Se conseguirmos levar esse reconhecimento não somente nas redes sociais, mas também financeiramente, poderemos corrigir diversos outros problemas”.
Roger Koeppl, diretor presidente da YouGreen Cooperativa
“A pandemia nos traz um senso de reflexão comum, sobre onde chegamos e para onde queremos ir. As desigualdades sociais e violações dos direitos humanos estão escancarados, e a pandemia registra que não é mais possível passar ao largo delas. Precisamos nos comprometer individualmente e coletivamente para transformar essa realidade. Não há paz sem respeito, não há paz sem tolerância. É preciso a garantia de direitos para toda a população”.
Eliane Jocelaine, secretária municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos de Campinas (SP)
Foto destaque: Encontro da UNESCO discutiu tolerância, solidariedade, justiça social e respeito à diversidade para o desenvolvimento de sociedades mais inclusivas e pacificas. Foto | Pxhere
Ótimo texto! Sim, a paz mundial deve ser o caminho trilhado pela humanidade. No enfrentamento as violências, que imperam na sociedade, o caminho possível é a cultura de paz que possibilitará uma sociedade justa, equânime e solidária. Muito bom!
Isso, Vera. Não se pode medir esforços nesse esforço já desprendido por muitos na construção da paz mundial.