Herói é pra qualquer um

Por

Jairo Lima*

Em 01.11.2020

Eu sonhei que lá da lua eu vi a terra

Assustou-me ver tantas poeiras

Eram só cabeças com bandeiras

Com seus ideais símbolos de guerra

Ilhéus onde a verdade se encerra

Mas são tão simples grãos de areia

Que nem mesmo uma grande lua cheia

Ainda alcança com sua bela luz

Foi quando ao ouvido falou-me Jesus:

– Desce, pois ainda teces nesta teia!

Muitas vezes a ciência demora para entender certas leis naturais, certas verdades, o que é perfeitamente compreensível, mesmo que estas se apresentem ante os nossos narizes. O orgulho e a vaidade humana colocam traves nos olhos, mas dentre as coisas que o mundo científico está mais adiantado para admitir como uma verdade inadiável é a vida da consciência após a morte carnal.

Daí ser esta verdade a que nos proporciona o maior encontro (ou confronto) da existência humana, Eis o maior espetáculo que assistiremos, que é o encontro com nós mesmos, solitário, sem torcidas plateias e sobretudo sem prepostos e/ou advogados. Será Nós versus Nós no ringue final de uma experiência de vida.

Portanto, antes de querermos construir lá fora, precisamos e devemos nos construir por dentro. Quem por dentro se reforma, sente-se mais comprometido com a sua reforma íntima, aprendendo dentre outras coisas, o quanto é perigoso buscar dar vazão ao insano desejo de querer tornar-se um ídolo, ter fã clube e ter que fatalmente se moldar ao bel prazer do vento que vem de fora, muitas vezes até de duras tempestades disfarçadas de ventos elísios.

Dê ouvidos, mas nunca os entregue às bocas alheias; considere e respeite o que lhe é divergente, mas use o filtro dos seus valores para aproveitar só aquilo que julgas ser engrandecimento espiritual.

Por qualquer meio da expressão humana, construa pensamentos que libertam o outrem, mas dando a elas a oportunidade de escolha, a liberdade para reflexão, usando ferramentas comportamentais como a alteridade, levando muito mais em conta que as suas incertezas, em eterno aprimoramento. Não sejam certezas para ninguém. Dê sempre ao outro o direito de pensar. Nenhuma verdade ainda por aqui é de ninguém, estamos em pleno exercício de construção e reconstrução.

Siga seu rumo escutando, mas assimile apenas aquilo que lhe garante um encontro de paz com a sua consciência. Dê ouvidos, mas nunca os entregue às bocas alheias; considere e respeite o que lhe é divergente, mas use o filtro dos seus valores para aproveitar só aquilo que julgas ser engrandecimento espiritual. Você ainda é único, rumando por uma infinita estrada onde tudo é possível encontrar, desde armadilhas, investidas de incautos, de ovelhas-lobos, até a plenitude da luz. Dai, como em tudo, é só uma questão de escolha.

*Jairo Lima é gestor público e artista. É membro da Academia Cabense de Letras.