A pólvora de L’Armarta Brancaleone

Por

Arnaud Mattoso

Em 18.11.2020

Enfim, o Brasil chegou à posição mais temida no planeta dos homens de bem e das famílias cristãs: enfrentar um poderoso inimigo externo que quer se apropriar da Floresta Amazônica, do Nióbio e do Pré-Sal. O sinal de alerta foi dado pelo Capitão Brancaleone num discurso de improviso, como é do seu feitio para desespero dos assessores, do vice general e da esposa muda. “A pólvora nos cabe, quando a saliva doce da tubaína-rosa nos falta”, a frase histórica foi proferida pelo homem sem noção de olhos azuis, sardas no rosto, suor nas ventas e o olhar de quem fala para uma Seita.

O capitão falou com os olhos fixos em Ernesto, o seu zumbi de estimação com o cérebro de vento dos Pampas. A Nação ouviu o chamado em pavorosa e, agora, prepara os filhos adolescentes no limiar da idade adulta para a inevitável guerra das Américas. Os jovens passarão por treinamento que inclui aprendizado com armas Taurus, queima de livros de Paulo Freire e estudos de filosofia com Olavo do Baralho Viciado. Eles não receberão a vacina comunista, nem usarão máscaras profiláticas para lutar na aglomeração, porque tudo isso daí é coisa de maricas; e marica, todos sabem, só é usada para não queimar os dedos no cigarrinho quando ele chega na ponta.

O verdadeiro patriota não teme gripezinha, nem viruzinho chinês. Não vê filme nacional, nem lê Fernando Gabeira. Defende que a Amazônia é nossa, o petróleo também e que bom mesmo era na época dos militares, quando não havia corrupção, nem a imprensa livre com as redações cheias de jornalistas subversivos. Todo pai e toda mãe nacionalista precisa aceitar que o Brasil não pode se curvar aos comunistas-socialistas-esquerdistas que roubaram a Casa Branca e fraudaram a eleição americana duplicando votos de gente morta.

Cuba e Venezuela serão libertadas e os Estados Unidos serão devolvidos ao laranjão tungado nas urnas pelos obamistas

É chegada a hora de o Brasil avançar na conquista das três Américas, sob o comando do Capitão Brancaleone e o seu incrível exército de soldados milicianos. À frente de todos, “mas não encosta atrás pô”, o Líder Supremo, o Cidadão de Bem que há de implantar uma Direita extrema, temente a Deus e acima de todos, para exterminar o comunismo na América Latina. Cuba e Venezuela serão libertadas e os Estados Unidos serão devolvidos ao laranjão tungado nas urnas pelos obamistas.

O plano está sendo montado no Palácio do Planalto com o apoio do Centrão que faz planos para estatizar a Apple, Amazon, Google e Microsoft. O chefe do Centrão Legislativo, Ricardo Bar Ross, estima cerca de cem mil cargos públicos nas novas estatais. Um Decreto Presidencial está sendo preparado pelo ministro Richard Sharlles para passar a boiada e acabar com uma canetada a Covid-19, a maior Fake News interplanetária inventada pelos chineses para conquistar o mundo.

Agora é uma questão de tempo. Os pais aguardam o chamado do Capitão para enviar os filhos a ingressar no Exército Brancaleone. Os três filhos do Capitão não irão, porque comandam a Milícia Digital que vai dar suporte aos heróis no front.  O Tio Sam não perde por esperar a pólvora que virá das terras tupiniquins. O mundo nunca mais será o mesmo depois de L’Armada Brancaleone Tupiniquim. Quem sobreviver até 2022, verá.

*Arnaud Mattoso é jornalista e escritor.

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