Guterres: aumento da fome é ultrajante em um mundo de abundância
Redação
Em 19.11.2020
“Um estômago vazio é um buraco aberto no coração de uma sociedade.” Foi dessa forma que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, expressou ao corpo administrativo do Programa Mundial de Alimentos (WFP), na segunda-feira (16), a sua indignação com a fome que assola vários países, destacando o importante papel da segurança alimentar na consolidação da paz. “A fome é um ultraje em um mundo de abundância”, reforçou. Estudo indica que 690 milhões de pessoas não têm o suficiente para comer, enquanto mais 130 milhões correm o risco de serem empurradas para a beira da inanição até o final do ano.
O secretário-geral da ONU elogiou o PMA por entregar alimentos “nos locais mais remotos, nas situações mais perigosas, nos contextos mais desafiadores”, com enorme comprometimento, generosidade e competência.
“Com necessidades humanas por toda parte, e às vezes com balas e bombas assobiando pelo ar, vocês levaram assistência para salvar vidas de pessoas vulneráveis de uma maneira que é um exemplo para o mundo inteiro”, ele disse. “Vocês dão esperança não apenas ajudando pessoas e atendendo às suas necessidades alimentares e nutricionais imediatas, mas também permitindo que as pessoas mudem suas vidas”.
Ele relembrou a importante mensagem de decisão feita pelo Comitê do Prêmio Nobel ao conceder o Prêmio da Paz ao WFP neste ano, de que “comida é paz” e expressou sua felicidade de que o trabalho “absolutamente excepcional” da agência estava sendo reconhecido.
“Vocês são mensageiros da paz, mensageiros essenciais para o nosso cessar-fogo global“, disse Guterres. O chefe da ONU está levantando apoio para seu chamado global para silenciar as armas, pedindo que os combatentes se unam contra o coronavírus.
Aumento da fome – Embora o WFP, como muitas outras agências da ONU, deva trabalhar em ambientes politicamente carregados, a pandemia de COVID-19 teve um impacto devastador sobre o estado de segurança alimentar global, sinalizou o chefe da ONU.
“A fome está aumentando de novo e está novamente ameaçando vários países”, disse Guterres. Ele citou números do WFP de que 690 milhões de pessoas não têm o suficiente para comer, enquanto mais 130 milhões correm o risco de serem empurradas para a beira da inanição até o final do ano, alertando que esta situação “ é totalmente inaceitável”. Além disso, o impacto da insegurança alimentar afeta “profundamente a questão de gênero”.
Apelando para um pacote de resgate maciço para as pessoas e países mais vulneráveis, o secretário-geral enfatizou a necessidade de garantir uma recuperação que enfrente desigualdades e fragilidades e que os sistemas de saúde e de proteção social sejam fortalecidos com sistemas alimentares mais robustos, tornando isto “parte fundamental do futuro”.
Segundo Guterres, “precisamos de sistemas alimentares que proporcionem meios de subsistência decentes e seguros”, que sejam centrais para uma recuperação sustentável e inclusiva das devastações da pandemia.
Guterres destacou a “enorme” lacuna de financiamento do WFP, em cerca de US$ 5 bilhões, e pediu o apoio da comunidade internacional. (Com informações da ONU News).