Vigiar é preciso

Por

Jairo Lima*

Em 22.11.2020

Já disse o dramaturgo norueguês Henrik Johan Ibsen, um dos criadores do teatro realista moderno: “Viver é uma arte.” E, de fato, o palco da existência exige o exercício constante para o aprimoramento da atuação na formatação da vida.

Como seres ainda no processo de construção, carecemos correr riscos, desenvolvermos as capacidades criativas, da tolerância, da superação e recuperação, da alteridade e muitas outras que nos levam a um estado de leveza que se sintoniza com a função e o destino espiritual de cada um. Entretanto, ainda claudicamos no mais crucial e importante de todos, que é justamente seguirmos uma das orientações de Jesus: orai e vigiai.

Quando Jesus falou para a humanidade da importância da oração, seguida da vigilância, Ele quis dizer, em outras palavras:

– Farei a minha parte, como um interlocutor do Nosso Pai; fazes, então, a gentileza de também fazeres a vossa.

Mas, eis aí o grande problema. Ainda acreditamos que apenas a oração seja o suficiente e diariamente enviamos aos céus bilhões de pedidos, inumeráveis solicitações, entupindo a caixa postal divina com coisas que nós mesmos, por aqui, até podemos resolver, caso a vigilância seja aplicada perenemente.

As dores, as dificuldades, os obstáculos… são ocorrências necessárias para nosso processo de crescimento, muito embora tenhamos inata a luz da sabedoria, da consciência e dos constantes alertas captados por nossa sensibilidade espiritual. Daí ser imprescindível, dia após dia, aplicarmos os filtros, a prudência e a razão…tudo isso está no campo da vigilância, que por conseguinte desagua-nos como uma aura de bênçãos protetivas

Muito do que hoje lamentamos, nada mais são do que colheitas dos nossos próprios plantios. Portanto, muitas dores e sofrimentos podem ser evitados. São inúmeros os dissabores que nós mesmos atraímos. Angústias, desespero, desilusão, solidão…tudo, se for levado em conta a simples vigilância, somado às nossas conquistas morais.

Daí que não adianta espernear, reclamar, achar que a nossa cruz seja a mais pesada do universo. Serenai, orai e vigiai que a brisa suave da misericórdia divina te abraça.

*Jairo Lima é artista plástico, escritor, poeta e membro da Academia Cabense de Letras. Escreve aos domingos.