Coletivo Voz das Mulheres Indígenas e ONU Mulheres lançam livro e site no Dia dos Direitos Humanos

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Redação, com ONU Mulheres Brasil

Em 11.12.2020

Os resultados alcançados pelo projeto “Diálogo Nacional das Mulheres Indígenas”, uma cooperação da ONU Mulheres com o coletivo Voz das Mulheres Indígenas, financiada pela Embaixada da Noruega, foram lançados ontem (10.12) por meio de um livro e um site que reúnem os resultados e as trajetórias das 23 articuladoras da iniciativa. Esses materiais fazem um balanço das diversas experiências das mulheres indígenas do Brasil e contribuem para um movimento crescente de mulheres indígenas, bem como destacam o impacto da iniciativa na vida das mulheres que fizeram parte do projeto no âmbito dessa parceria.

As publicações servirão também de referência para grupos de mulheres indígenas, organizações da sociedade civil, governos, autoridades, parcerias de desenvolvimento e instituições interessadas em abordagens sobre as relações entre direitos humanos e mulheres indígenas no contexto do desenvolvimento sustentável.

O dia 10 de dezembro em que se celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos, anualmente marca o encerramento da campanha do “UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres até 2030”. Em 2020, a ONU Brasil adotou o lema “Onde você está que não me vê? – Somos nossa existência”, para dar visibilidade à liderança de diferentes grupos de mulheres que agem para prevenir e enfrentar a violência contra as mulheres. Também marca o encerramento dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, uma iniciativa da sociedade civil.

O evento online conta com a participação da representante da ONU Mulheres Brasil, Anastasia Divinskaya, e de articuladoras da iniciativa: Ana Patte, do Povo Xokleng (Santa Catarina), Cristiane Julião, do Povo Pankararu (Pernambuco), Samantha Ro’otsitsina, do Povo Xavante (Mato Grosso), Simone Terena, do Povo Terena (Mato Grosso do Sul), com mediação de Joziléia Kaingang, do Povo Kaingang, e as presenças do embaixador da Noruega, Nils Martin Gunneng, e da embaixadora da Áustria, Irene Giner-Reichl.

Voz das Mulheres Indígenas – A CEDAW – Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (1979) – e a Plataforma de Ação de Pequim (1995) reconhecem que certos grupos de mulheres sofrem múltiplas formas de discriminação com base na raça, identidade étnica ou religiosa, deficiência, idade, classe e outras diferenças que as afetam em grau e maneiras diferentes do que os homens. Adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2007, a Declaração de Povos Indígenas é o acordo internacional mais abrangente sobre os direitos dos povos indígenas e endereça especialmente as necessidades e direitos das mulheres indígenas, conclama ações concretas dos seus países membros para protegê-las e enfrentar níveis desproporcionais de discriminação e violência.

Em 2014, a ONU Mulheres e as mulheres indígenas do coletivo Voz das Mulheres Indígenas elaboraram uma metodologia de consulta inovadora para identificar as demandas e necessidades das mulheres indígenas no país, no âmbito do projeto Diálogo Nacional das Mulheres Indígenas, financiado pelo Ministério das Relações Exteriores do Reino de Noruega, via Embaixada da Noruega no Brasil. O projeto, conhecido como resultou na elaboração da Pauta Nacional das Mulheres Indígenas e, respondendo às reivindicações das ativistas, contribuiu para fortalecer a participação política das mulheres indígenas, sua capacidade de defender políticas e seu conhecimento sobre as normas globais de direitos humanos. A iniciativa alcançou 104 povos indígenas em todo o Brasil. Como resultado, a organização institucional das mulheres indígenas também foi fortalecida: 23 líderes indígenas foram reunidas em uma rede nacional de diálogo e articulação que resultou em uma forte conexão entre essas mulheres e suas organizações locais e na construção conjunta de uma agenda de trabalho.

A  Primeira Marcha das Mulheres Indígenas “Território: nosso corpo, nosso espírito”, em 13 de agosto de 2019, é compreendida pelas articuladoras do Voz como um marco para a construção da agenda comum das mulheres indígenas ao reunir 2.500 mulheres indígenas pertencentes a mais de 130 povos.

Foto destaque: Karina Zambrana/ONU Brasil – Em 2018, durante o Acampamento Terra Livre, mulheres indígenas aderem à campanha “UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres”