Que o assassinato da juíza Viviane motive a extinção da violência contra a mulher

Por

Claudio de Mello Tavares*

Em 26.12.2020

Na véspera do Natal, dia em que famílias estavam unidas, revestidas de bondade e compaixão, amando-se uns aos outros, buscando a paz nestes tempos difíceis, fomos todos surpreendidos pela trágica notícia do feminicídio que vitimou a juíza de Direito Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, brutalmente esfaqueada pelo ex-marido e pai de suas três filhas menores.

Trata-se de um crime hediondo, que se caracterizou por uma forma extrema de crueldade, cometido por um homem tomado pelo ódio que, possivelmente, achava que havia perdido sua “propriedade”.

“Toda mulher tem direito a uma vida livre de violência” – com essa bandeira, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, através de seus órgãos administrativos e, sobretudo, de seus magistrados, vem ratificar o seu compromisso de fortalecimento da rede estadual de enfrentamento à violência contra a mulher neste estado, cujo trabalho em equipe com diversos órgãos parceiros vem permitindo um efetivo acesso à Justiça aos casos de violência doméstica e feminicídio.

Números do Observatório Judicial da Violência contra a Mulher (banco de dados criado pelo TJ-RJ) mostram que, no ano de 2019, 143 novos casos de feminicídio chegaram ao conhecimento da Justiça fluminense e, em 2020, 68 novos casos. Cada um deles traz uma história de vida de uma mulher, de uma vítima, que não pode ficar impune!

Que o crime que vitimou a juíza Viviane seja um divisor de águas, iniciando-se a maior campanha de todos os tempos contra a violência doméstica e familiar contra a mulher erradicando-se, de uma vez por todas, essa chaga do nosso Brasil!

Por fim, na qualidade de presidente do tribunal, ecoando a voz de todos os magistrados e servidores, presto sinceras homenagens à juíza Viviane, tida como uma pessoa de docilidade que transparecia a todos, mãe e magistrada exemplar, colocando-me ao lado das filhas menores para todo o apoio que se fizer necessário no âmbito institucional.

Que Deus possa nos abençoar!

*Claudio de Mello Tavares é presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Os textos aqui  publicados não refletem necessariamente a opinião do blog Falou e Disse.

Artigo publicado originalmente no portal da Revista Consultor Jurídico.

Foto destaque: spbancarios.com.br