Professora atua no combate à violência contra mulheres surdas

Por

Mariana Lima/Observatório do 3º Setor

Em 26.12.2020

Formada em Letras e Direito, Laiza Rebouças criou um canal no Youtube com orientações jurídicas em Libras e direciona boa parte do conteúdo para mulheres surdas vítimas de violência 

Denunciar a violência sofrida no isolamento social está sendo difícil para muitas mulheres confinadas com seus agressores. A questão se complica ainda mais quando essas mulheres vítimas de violência são surdas.

Laiza Rebouças é professora com formação em letras e direito no Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS Wilson Lins), em Salvador (BA), e sabe dos obstáculos com que as mulheres surdas precisam lidar.

Entre os problemas recorrentes está a questão da acessibilidade nas instituições públicas, uma vez que essas mulheres possuem uma linguagem própria e, por vezes, faltam profissionais acolhedores ou com o mínimo domínio da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

E Laiza entende o cenário. Além de lidar diariamente com essas mulheres em sala de aula, ela também é surda e, fora do expediente, milita pelos direitos dessas mulheres, o que, no passado, acreditava ser incompatível com a sua condição.

Foi aos 16 anos que Laiza recebeu o diagnóstico. Ainda menina, mal se comunicava. Foi por esforço próprio e com a ajuda de pessoas surdas que, por volta dessa idade, aprendeu e ficou fluente em Libras.

Mesmo com as dificuldades para concluir a graduação, em 2012 ela conseguiu se formar por uma universidade federal e, em 2017, concluiu a segunda graduação, desta vez em direito.

Após muita persistência, Laiza conseguiu um emprego como professora e, em 2019, teve a ideia de criar um canal de orientações jurídicas em Libras no YouTube e em redes sociais como Instagram e Facebook.

O JusLibras, ou Justiça em Libras, embora não seja exclusivamente voltado para mulheres surdas, aborda e responde em vídeos muitas questões de interesse delas. Um dos principais tópicos tem sido a violência doméstica.

De acordo com Laiza, toda semana pelo menos três mulheres surdas a procuram. Dependendo da abertura que dão, Laiza inicia uma conversa por WhatsApp ou e-mail para passar orientações e direcioná-las para o melhor caminho na busca pelos direitos delas.

A professora ainda é membro ativo de vários grupos na internet direcionados para pessoas surdas e que debatem temas como feminismo e diversidade racial e sexual, e também ministra palestras sobre direitos da mulher e violência para surdos.

Fonte: Universa – UOL

Foto destaque: Arquivo pessoal