Indígenas são resgatados do trabalho escravo em Mato Grosso do Sul

Por

Maria Fernanda Garcia/Observatório do 3º Setor

Em 06.01.2021

Nove indígenas da etnia Caiová, entre os quais dois adolescentes, foram resgatados de condições análogas às de escravo em uma fazenda de pecuária bovina em Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul

O trabalho escravo contemporâneo faz milhões de vítimas no mundo, e o Brasil não escapa desta estatística. Apenas em 2019, 1.054 pessoas foram resgatadas em todo o país vítimas de situações análogas ao trabalho escravo. O dado é do Radar da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.

Dos 267 estabelecimentos fiscalizados em 2019, 111 tinham trabalhadores em situação análoga à escravidão.

Este ano, nove indígenas da etnia Caiová, entre os quais dois adolescentes, de 14 e 15 anos, foram resgatados de condições análogas às de escravo em uma fazenda de pecuária bovina em Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul.

A ação, que contou com a participação da Polícia Federal, que havia recebido uma denúncia, da Polícia Militar Ambiental e de auditores fiscais do trabalho, encontrou também seis paraguaios e dois brasileiros, todos em situação degradante – um dos elementos que caracteriza o trabalho escravo contemporâneo.

Segundo o auditor fiscal Antônio Maria Parron, que coordenou a ação, eles estavam alojados em barracos de lona precários, não contavam com instalações sanitárias e faziam suas necessidades fisiológicas no mato, usando a água do córrego para cozinhar, lavar as roupas, tomar banho e matar a sede. Eles atuavam na construção de cercas e na limpeza do pasto, e aplicavam agrotóxicos sem equipamento de proteção individual, contaminando-se.

Após a operação, eles ganharam as diárias de serviço a que tinham direito, mas apenas quatro, todos paraguaios, compareceram para receber as verbas rescisórias. Agora, a fiscalização está entrando em contato com os outros para entender o que ocorreu.

O poder público também está atuando para garantir acesso das vítimas às três parcelas do seguro-desemprego, um direito adquirido pelos resgatados desde 2003.

Fonte: UOL

Foto: divulgação AFT