Ficamos sem as mungangas de Genival
Hamilton Rocha*
Em 07.01.2021
Quem não conhece Severina Xique-Xique? Impossível não saber que essa música que invadiu as rádios e TV’s de todo país nos anos 70 era a voz marcante do Rei da Munganga Genival Lacerda, “seu Vavá” para os mais íntimos. O paraibano de Campina Grande era apaixonado pela sua terra natal, mas se mudou para Pernambuco na década de 50. Como outros artistas, a trajetória de vida não foi fácil. A prova é que foi apenas em 1975 que Genival Lacerda estourou com a música Severina Xique-Xique, disco que vendeu 800.000 cópias.
Além de se tornar conhecido em todo o Brasil com a música, Genival se destacava também pelo jeito diferenciado nas apresentações carregadas de humor. O balançar da pança tornou-se uma de suas marcas presentes nos shows e programas de TV. Severina Xique -Xique foi só o começo de uma sequência de sucessos inesquecíveis, às vezes classificados de duplo sentido, coisa que ele sempre negou. A verdade é que a música de Genival sempre teve em sua essência a raiz nordestina.
Mesmo com o aparecimento de novos estilos musicais, Genival se manteve firme no mercado e emplacou sucessos marcantes como Caldinho de mocotó, Galeguim dos zoi azu, De quem é esse jegue e Chevete da Ivete, essa última regravada em 2010 com a participação da cantora baiana Ivete Sangalo
Quem conheceu o “seu” Vavá de perto teve a oportunidade de sempre escutar histórias engraçadas, que não eram inventadas e sim fizeram parte de sua trajetória de vida. Escutei parte delas em um almoço de confraternização de final de ano ao lado dele em 2016, no Recife.
Sorte minha foi estar no camarim do Teatro Boa Vista antes da gravação do show de Genival para a Rede Globo Nordeste. Quando vi o humorista Zé Lezin se aproximar de “seu” Vavá liguei a câmera do celular e registrei uma conversa sobre fatos engraçados que ficaram registrados em algumas canções de Genival. O vídeo está postado aqui no blog.
Descanse em paz, Rei da Munganga!
*Hamilton Rocha é jornalista.
Nota do editor: Genival Lacerda faleceu hoje em um hospital de Recife, aos 89 anos de idade, vitima de complicações da Covid-19. O cantor estava hospitalizado desde o dia 30 de novembro.
Siga em paz, Genival! Obrigado por defender nossa cultura e nos alegrar tanto.
Realmente, um defensor da cultura.