Cinco lições de uma poetisa cega

Por

Jénerson Alves*

Em 08.01.2021

Jane Frances Crosby (ou Fanny Crosby, como é mais conhecida), foi uma das mais profícuas compositoras sacras. Nasceu em 24 de março de 1820, em Putnam, New York. Ela é autora de memoráveis hinos que fazem parte do Cantor Cristão utilizado nas Igrejas Batistas, a exemplo de Exultação (15); Avivamento (171); Louvai (126); Ao pé da Cruz (289); Trabalho Cristão (422); e Segurança (375). Estudando sua biografia, podemos tirar algumas preciosas lições de vida, como as que vamos apresentar a seguir:

01- A Gratidão é a melhor opção

Quando tinha apenas seis semanas de vida, ficou cega devido a um erro médico. O que poderia ser um motivo para amargura, tornou-se uma bênção. Em sua autobiografia, escrita quando ela estava com 83 anos, registrou: “Ouvi dizer que esse médico nunca deixou de expressar seu pesar pela ocorrência; e que era uma das dores de sua vida. Mas se eu pudesse encontrá-lo agora, eu diria: ‘Grata, grata! – repetidas vezes – por me fazer cega, se foi através de sua agência que isso teve que acontecer!’” Ela explicou que não teria escrito as composições cantadas no mundo inteiro se tivesse sido impedida pelas “distrações de ver todos os objetos bonitos e interessantes”. Além do mais, ela disse que a gratidão porque da mesma forma que foi privada de ver coisas esplêndidas, também foi poupada de enxergar coisas desagradáveis. “O Deus misericordioso colocou a Sua mão sobre os meus olhos, e fechou para mim a visão de muitos exemplos de crueldade e maldade amarga e infortúnio, que eu não teria sido capaz de aliviar, e simplesmente ter sofrido em visto. Estou contente com o que posso saber da vida através dos quatro sentidos que possuo”.

02- Estudo sagrado é bem recompensado

O pai de Fanny Crosby faleceu no mesmo ano em que ela nasceu. Foi criada pela madrasta e por uma avó (que morreu quando a garota estava com 11 anos). Do alto de seus 10 anos de idade, memorizava cinco capítulos da Bíblia por semana. Aos 15, ela tinha decorados os livros do Pentateuco, Provérbios, Cantares, os quatro Evangelhos e muitos salmos. Neste período, ingressou no Instituto de Cegos de New York, onde, além de aluna, também tornou-se professora. Exerceu o lecionato com maestria.

03- Quando a tempestade vem, é certo fazer o bem

Uma epidemia de cólera se alastrou na Europa em 1848 e chegou aos Estados Unidos no ano seguinte. Em poucos meses, mais de 2 mil novaiorquinos foram mortos devido à doença. Inclusive, 20 membros do colégio em que ela lecionava contraíram a enfermidade e dez chegaram a óbito. Enquanto muitas pessoas se entregaram ao medo, Fanny Crosby deu um grande passo de amor e fé. Ela trabalhou como enfermeira de forma voluntária, cuidando dos pacientes. Diante da experiência, a poetisa ficou frente a frente com a própria sensação de mortalidade, o que a fez reavivar seu lado espiritual. No contexto atual da pandemia da covid-19, seu exemplo nos impulsiona a buscar uma maior comunhão com Deus.

04- Enxergar o amor ameniza qualquer dor

Quando estava com 38 anos, a escritora se casou com o músico Alexander Van Alstyne, que também era cego. Durante um período, ela deixou de ensinar para acompanhar o esposo tocando piano em apresentações públicas. Tiveram uma filha, que morreu ainda bebê, abrindo chagas no coração do casal, que pouco falou sobre o fato. Contudo, acredito que a certeza do amor entre ambos era um dos motivos que os fortalecia.

05- Religião de verdade abraça a humanidade

Ao longo da vida, ela compôs mais de 5 mil canções e poemas. Sua consciência religiosa a conduziu a abraçar causas de humanidade. Envolveu-se no resgate dos pobres de Nova Iorque e também apoiou a causa abolicionista, junto a nomes como Abraham Lincoln.

A escritora morreu no dia 12 de fevereiro de 1915. Seu corpo está sepultado  no Mountain Grove Cemetery and Mausoleum, Bridgeport, em Fairfield, Connecticut, nos Estados Unidos. Sem dúvida, Fanny Crosby foi uma mulher cujo legado está vivo ainda hoje e vai permanecer além do tempo.

*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.

Foto destaque: Divulgação.