A vacina chegou. Calma, por favor!

Por

Jairo Lima*

Em 23.01.2021

Há uma euforia muito grande em torno da chegada da vacina, mas, claro, isso chega a ser natural. Afinal de contas, ela é uma luz no fim do túnel. Portanto, é compreensível que haja tanta comemoração, apesar dos exageros de um marketing político irracional e até das disputas de protagonismo que rolam em torno do assunto, sem citar os inúmeros flagrantes de vacinação de pessoas que não estão sequer nos grupos prioritários.

Pois é, mais de 200 mil mortos e a desunião da nossa, digamos brasilidade. Há falhas nesse campo nas várias matizes das cores partidárias. Chega a ser incrível como o homem ainda tem tempo e vaidade para pensar em poder, sem lembrar que pode estar à beira da morte.

A vacina em si, que requer não apenas uma, mas duas doses com o intervalo de 30 dias, não será o suficiente para estancar essa pandemia. Vigiar é preciso, se cuidar ainda requer as mesmas precauções. É importante que as autoridades públicas alertem a população neste sentido, que mantenham os protocolos mínimos necessários ou máximos exigidos, visto que cada região tem as suas particularidades, combatendo assim a falsa sensação de segurança.

A campanha cumprirá fases que demandarão ainda um certo tempo. Primeiro vem os médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, pessoas com mais de 75 anos que vivem em instituições de longa permanência, indígenas em terras demarcadas e povos tradicionais ribeirinhos, totalizando mais de 14 milhões de brasileiros. Já na segunda fase, com pouco mais de 22 milhões de pessoas, vêm os que têm de 60 a 74 anos que não vivem em instituições de longa permanência, como asilos e instituições psiquiátricas.

Segundo o primeiro presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, podemos ter um Brasil ainda mais difícil do que tivemos em 2020. Ele alerta para não baixarmos a guarda. O que preocupa neste momento é que mesmo antes da chegada da vacina, muitos super-heróis circulam sem máscaras pelas ruas, fazem aglomerações e tudo mais que cria ambiente propício à permanência do vírus. Daí ser muito possível, caso falhem as autoridades públicas, que essa liga de heróis aumente consideravelmente, pois muitos podem ter a sensação de que estão completamente sãos e salvos e com superpoderes, capazes até de matar a Covid-19 só com o pensamento.

Vamos com calma, prudência e sabedoria e que Deus nos proteja e nos guie.

*Jairo Lima é poeta, escritor, artista plástico e membro da Academia Cabense de Letras.

Foto destaque: oglobo.globo.com