Popularidade em declínio

Por

Carlos Sinésio*

Em 26.01.2021

Após desfrutar de boa aceitação do seu governo por grande parte dos brasileiros nos dois primeiros anos do mandato, o presidente Bolsonaro assiste agora o que parece ser o declínio da sua popularidade. Pesquisa do Instituto Datafolha, publicada no último fim da semana, revela dados que mostram como tem caído a sua aprovação e a do seu governo. Na mesma proporção, sobe a rejeição a ambos.

Em dezembro, 32% dos brasileiros avaliavam o presidente como ruim ou péssimo. Agora esse percentual subiu para 40%. Já quem o acha ótimo ou bom caiu de 37% para 31%. Isso tudo em pouco mais de um mês, entre duas pesquisas realizadas pelo Datafolha. Como se vê, não é pouca coisa.

Como sabe quem pensa e analisa os fatos à luz do bom senso, sem cegueira ideológica, motivos não faltam para essa aprovação cair, e a rejeição aumentar. As constantes trapalhadas do governo desde sempre e seu modus operandi para resolver qualquer assunto podem estar cansando muita gente que antes idolatrava Bolsonaro. Essa gente pode estar caindo na real, concluindo que ele é péssimo governante e não serve para gerar emprego e renda, tirar o País do atoleiro e fazê-lo voltar a crescer.

O recrudescimento dos casos e das mortes por Covid-19, o fim do pagamento das parcelas do auxílio emergencial (coronavoucher) e as movimentações a favor de um impeachment do presidente trapalhão certamente são três fortes razões para o desgaste do governo.

Desde a redemocratização, o Brasil teve presidentes muito ruins, alguns até foram (felizmente) defenestrados com o impeachment. Mas nenhum deles foi tão arrogante, prepotente, despreparado, desumano e incompetente como o atual. É fato.

Essa queda de popularidade, ainda que momentânea, é um sinal de que Bolsonaro e o seu governo precisam mudar muito pra melhor. Se isso não ocorrer, seu caminho para uma sonhada reeleição ficará mais espinhoso e pedregoso.

Certas pessoas às vezes me criticam porque falo do governo Bolsonaro. E tem assunto mais instigante para um jornalista político do que criticar um mau administrador público? Como falar bem de um presidente ou de um governo que quase nada faz para melhorar a economia, gerar emprego, tirar, de fato, as pessoas da pobreza e mesmo da miséria?

Criticar e cobrar boas ações aos governos é absolutamente necessário para ver se a situação melhora, se os gestores acertam na condução da administração, se cuidam das pessoas como elas merecem. Afinal, foram eleitos democraticamente para isso e muito mais.

Se quer mesmo concorrer e ganhar a reeleição em 2022, o presidente precisa mudar de postura e de atitude, tornar-se mais responsável e respeitoso com a população. A derrota do seu guru Trump nos Estados Unidos, no fim do ano passado, deve servir de lição e de alerta. Os americanos acordaram a tempo. Os brasileiros podem fazer o mesmo. A sorte de Bolsonaro é que ainda não há adversários competitivos bem definidos. Além disso, as oposições estão desgastadas e são desunidas.

De qualquer forma, os números do Datafolha devem servir de aviso. É bom o presidente (já) ir assuntando a massaranduba do tempo, como diz o ex-governador pernambucano Joaquim Francisco. Isso se quiser mesmo realizar o sonho de passar mais quatro anos desfrutando das belezas e das mordomias proporcionadas pelo Palácio do Planalto.

*Carlos Sinésio é jornalista com 35 anos de profissão. Trabalhou nos jornais O Globo, Jornal do Commercio e Diario de Pernambuco. Foi assessor de comunicação em diversas instituições públicas e privadas e repórter freelance no jornal O Estado de S. Paulo e na IstoÉ. Atua na TV Alepe. Escreve às terças-feiras.

Foto destaque: www1.folha.uol.com.br