Cabo de Santo Agostinho, o berço brasileiro
José Ambrósio dos Santos
Em 26.01.2021
O novo milênio fez o Cabo de Santo Agostinho tirar do fundo do baú e sacudir a poeira de uma página da sua história que há cinco séculos estava esquecida e era desconhecida por grande parte dos cabenses, dos pernambucanos e dos brasileiros. Em janeiro de 2000 as autoridades municipais e estaduais relembraram os 500 anos do desembarque do navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón na praia de Suape, no dia 26 de janeiro, três meses antes de o português Pedro Álvares Cabral chegar à Bahia e ser aclamado como descobridor oficial do Brasil. Representantes de Palos de la Frontera, cidade de onde partiu Pinzón, prestigiaram as festividades.
Apoiado em relatos de renomados e importantes historiadores, o poeta, artista plástico e membro da Academia Cabense de Letras, Jairo Lima, conta em versos o feito de Pinzón, que teve grande repercussão na cidade e no país pelos quatro anos seguintes, até ser novamente tirado de cena pelos novos gestores que assumiram o município a partir de 2005.
CABO DE SANTO AGOSTINHO, O BERÇO BRASILEIRO
Vinte e seis de janeiro
Pinzón por aqui chegou
Nessa terra ele riscou
O seu traço primeiro
No mapa brasileiro
Mas Cabral feito galinha
Fez festa, soprou velinha
E pulou cocoricando
Achou o ovo saiu gritando:
Essa história é só minha
O espanhol marinheiro
Da cidade de Palos
Com sinos em badalos
Saudando seu corneteiro
Deu ordem ao timoneiro
Pegou quatro caravelas
Cada uma com seis velas
Num desassombro profundo
Partiu pro novo mundo
Com tropa e sentinelas
Dezenove foi o dia
E novembro o mês
Nosso Pínzón Yanez
Partiu cheio de honraria
Seguindo a sua travessia
Pela força dos ventos
No ano mil e quinhentos
Atracou então sua esquadra
A tropa já bem cansada
Dos mares bravios, violentos
Pinzón aqui aportando
Como católico leal
Fez do céu a catedral
De joelhos já rezando
A terra foi batizando
E fiel à santa do dia
Deu nome SANTA MARIA
DE LA CONSOLACIÓN
Dando então mais tom
Na sua rica biografia
Diz Capistrano de Abreu
E também Júlio Isquierdo
Historiadores de rochedo
Que o fato sim, ocorreu
No giro que Pínzón deu
Sendo o desbravador
Que de fato foi o tutor
Do nosso descobrimento
Cabral noutro momento
Foi apenas co-autor
Lacerda explorador
De tudo dessa cidade
Com muita sagacidade
No país fez furor
Pelo que soube expor
Foi algo tão bombástico
Saindo até no Fantástico
Programa de Jô Soares
O Cabo subiu altares
Tornou-se mais simpático
Jairo Lima
Foto destaque: Pinzón em tela do poeta e artista plástico Jairo Lima.