Não tem galo, não tem carnaval

Por

José Ambrósio dos Santos*

Em 13.02.2021

Oxente! Que horas são? A madrugada já se foi, o sol já está quase a pino e o galo não me acordou?

Eita! Não tem galo, não tem carnaval. Ninguém nas ruas a não ser quem realmente precisa sair de casa.

É, esse ano está diferente mesmo. Noites e dias de tambores silenciosos. Sem caboclinhos, sem maracatus.

Oi, Zé Pereira, você está triste. Não podia ser diferente. Um total 9.765.455 casos confirmados e 237.489 mortes pela Covid-19. Entre os que não resistiram, um vizinho do prédio onde moro, em Candeias, Jaboatão dos Guararapes. E essa vacina que chega aos pouquinhos, por culpa de quem devia bem cuidar dos brasileiros.

Getulio Cavalcanti, onde você está?

Claudionor Germano, Alceu Valença, Almir Rouche cadê vocês?

Elefante, Vassourinhas, Bicho Maluco Beleza, Homem da Meia Noite…

Antônio Maria, quanta saudade

Capiba, o que você comporia para este momento triste?

Melhor me acalmar. Afinal, sei a razão de tudo isso e apoio todos os esforços para que, juntos, vençamos a Covid-19.

E então, em 2022, cantar como cantou Luiz Bandeira:

Voltei, Recife

Foi a saudade

Que me trouxe pelo braço

Quero ver novamente Vassoura

Na rua abafando

Tomar umas e outras

E cair no passo

Pois é, toda essa energia faz muita falta. Por isso, não posso dizer que eu acho é pouco… Além disso, não poderei maldizer a quarta-feira de cinzas. Será como qualquer outra quarta-feira do calendário, que passaremos a olhar todos os dias até chegar o carnaval 2022.

José Ambrósio dos Santos é jornalista e membro da Academia Cabense de Letras.