Quarta-feira de Cinzas
José Ambrósio dos Santos*
Em 17.02.2021
E eis que chegou a Quarta-feira de Cinzas. E a ‘catástrofe’ imaginada por muitos com a não realização do carnaval, não aconteceu. É claro, muitos prejuízos. Prejuízo para a cultura, para os amantes do reinado de Momo, para a Indústria do Carnaval, principalmente para os pequenos comerciantes, os ambulantes, os recicladores de latinhas e garrafas pet, entre outros.
Entretanto, no balanço de perdas e danos, a ‘catástrofe’ nem de longe se pode comparar à verdadeira catástrofe que assola o mundo e que em Pernambuco, não fosse a proibição do carnaval, ‘pularia’ nas próximas duas semanas a níveis provavelmente ainda mais assustadores que os picos já registrados da Covid-19.
Ganharam a sensatez, a prudência, a vida.
Vale ressaltar que, contida a folia, também se respeitou a dor de muita gente que vive o drama da internação e intubação de parentes e amigos em leitos de UTI. E o luto de mais de 10.700 famílias. Além da luta pela recuperação dos mais de 270 mil pernambucanos que testaram positivo para a Covid-19.
A vacina está chegando, a conta-gotas – e mesmo assim a contragosto do inquilino do Palácio do Planalto -, é verdade. Mas a pressão popular e de alguns governadores e prefeitos poderá dar mais celeridade à aquisição e distribuição/aplicação do imunizante. Mantenhamos o ‘passo’ do distanciamento físico, dos cuidados pessoais que a todos beneficiam e aí, certamente em breve, poderemos ir, aos poucos, retomando os ritmos frenéticos e os costumes dos pernambucanos.
E em 2022 ele, o carnaval, ressurgirá não das cinzas como uma fênix, pois afinal ele não morreu, apenas adormeceu. E de novo os caboclinhos, os maracatus, os blocos, as troças e o frevo rasgado que atraem e juntam multidões de todo o planeta sobretudo em Recife e Olinda.
Como se vê, esta Quarta-feira de Cinzas (17.02.2021) não será tão ingrata. A vida agradece.
*José Ambrósio dos Santos é jornalista e membro da Academia Cabense de Letras.
Foto destaque: Pátio de São Pedro, Recife. Internet
Verdade Ambrósio o Carnaval apenas adormeceu. A vida em primeiro lugar, depois quando for possível, a festa e folias do lindo carnaval pernambucano! Sigamos em defesa da vida com a esperança da vacina! Parabéns pela reflexão!
E então, Vera. Para o momento, em vez do frevo rasgado que encanta, melhor o compasso moderado de Martinho da Vila quando canta “É devagar, é devagar, é devagar, devagarinho…”. Pois é, amiga. Um ligeiro relaxamento, pois o momento é de cuidado redobrado, para se poder festejar por inteiro o Carnaval 2022.
Parabéns pela feliz reflexão, Ambrósio! Cheguei a conclusão de que em relação aos outros, esse foi o melhor carnaval, levando em consideração as estatísticas da violência no trânsito e nas ruas. 🙏
Pois bem, Vera Rocha. O carnaval é muito bacana, mas há sempre muitos exageros, observando-se o aspecto que você levanta. Nem mesmo a Lei Seca consegue conter as tragédias em momentos de feriadão, muito menos em períodos de carnaval dentro da considerada ‘normalidade’. É necessário que as pessoas cobrem mais responsabilidades a si próprias. É plenamente possível que as pessoas se divirtam sem por em risco a segurança das outras.
“Como se vê, esta Quarta-feira de Cinzas (17.02.2021) não será tão ingrata. A vida agradece.”
E nós agradecemos por tão virtuoso texto!
Bacana, Jénerson.