Violência em Cabo Delgado leva 1,3 milhão a precisar de ajuda em Moçambique

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ONU News

Em 25.02.2021

Província do extremo norte viu crescerem assassinatos, decapitações e sequestros em 2020; agências humanitárias querem incluir províncias vizinhas de Niassa e Nampula em seus apelos; cerca de 950 mil moradores passam fome severa.

Cerca de 1,3 milhão de pessoas precisam de auxílio humanitário e proteção devido à insegurança na província moçambicana de Cabo Delgado. As Nações Unidas estimam que a situação tem impacto em regiões vizinhas como Niassa e Nampula.

A comunidade humanitária já vinha mobilizando cerca de US$ 254 milhões para atender as necessidades urgentes de 1,1 milhão de afetados em 2021.

Violência

Até o final do ano passado, as três províncias do norte tinham cerca de 670 mil deslocados internos. Destes, aproximadamente 580 mil deixaram suas casas devido a centenas de incidentes violentos.

Os casos de assassinatos, decapitações e sequestros alastraram-se a outras áreas. Em Cabo Delgado, forças de segurança nacionais realizam operações militares para conter grupos terroristas islâmicos.

Unicef/Mauricio Bisol – Crianças brincam em assentamento de deslocados internos de Metuge, em Cabo Delgado

Nas três províncias, 950 mil habitantes enfrentam fome severa, segundo a análise da Classificação da Fase Integrada de Segurança Alimentar. Fatores como conflito e deslocamento têm um efeito negativo sobre os meios de subsistência e mercados.

A insegurança também aumentou o custo dos produtos básicos, especialmente nas áreas mais afetadas pelo conflito incluindo Palma, Macomia e Mocímboa da Praia.

Apesar de as comunidades anfitriãs abrigarem 90% dos que fugiram do conflito, a situação coloca “enorme pressão” sobre os já escassos recursos nessas áreas.

Doenças

Os deslocados também sofrem com um novo surto de cólera que já matou pelo menos 55 pessoas. A equipe nacional da ONU confirmou que mais de 4,9 mil casos foram relatados até meados deste mês em diferentes distritos.

Outra prioridade da ação humanitária é evitar doenças transmitidas pela água. Nessas regiões, os sistemas de água estão sobrecarregados e falta combustível.

Com a insegurança foram destruídas 36% das unidades de saúde de Cabo Delgado. Em distritos como Mocímboa da Praia, Macomia, Muidumbe e Quissanga não há mais instalações de saúde.

A situação afeta os esforços para oferecer cuidados nas áreas sexual e reprodutiva, atividades de imunização, acesso a antirretrovirais para pessoas vivendo com HIV e tratamento da tuberculose.

OIM/Matteo Theubet – Na capital de Cabo Delgado, Pemba, grupo de deslocados devido a atividade terrorista

Foto destaque: ONU News – Hospital de Macomia na província de Cabo Delgado.