ONU: América Latina e Caribe vivem iminência de crise econômica e humanitária

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ONU News

Em 27.02.2021

Em sessão no Conselho de Direitos Humanos, alta comissária Michelle Bachelet citou protestos de rua em várias nações da região e disse que aumento da mineração e da extração de madeira na Amazônia e no Pantanal prejudicam os indígenas.

A chefe de direitos humanos da ONU quer que a recuperação pós-pandemia garanta mais proteção a territórios indígenas. Para Michelle Bachelet, a pandemia está enfraquecendo o espaço cívico e o aumento de desigualdades nas Américas.

Para a alta comissária, a redução da aplicação da lei em países das regiões da Amazônia e do Pantanal levou ao aumento da mineração e à extração ilegal de madeira, que são altamente prejudiciais aos povos indígenas e moradores da floresta.

Indústrias

Em seu discurso ao Conselho de Direitos Humanos, Bachelet pediu que haja cuidado para garantir que esses territórios sejam mais bem protegidos das indústrias extrativas e da monocultura, inclusive na recuperação pós-pandemia.

17ª Brigada de Infantaria de Selva/Rondônia – Incêndio na floresta Amazônia no Brasil (2019)

A grande preocupação é com “ataques contínuos a ativistas ambientais, defensores dos direitos humanos e jornalistas, incluindo assassinatos” na região. Ela destacou ainda “o uso indevido do direito penal para silenciar vozes críticas”.

Nas Américas, ela enfatizou que a pandemia agravou os já fracos sistemas de segurança social, desigualdades estruturais e discriminação de longa data, especialmente vividas por afrodescendentes e povos indígenas. Ela citou ainda as economias pouco diversificadas e o alto número de empregos informais.

“Década perdida”

Bachelet alertou sobre a iminência de “uma grande crise socioeconômica e humanitária” na América Latina e no Caribe. As taxas de pobreza podem chegar a mais de 37% este ano.

© M & G Therin-Weise – Bachelet disse que redução da aplicação da lei em países das regiões da Amazônia e do Pantanal levou ao aumento da mineração

A alta comissária citou estimativas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe de que a região vive uma “década perdida”, após a pior contração do Produto Interno Bruto, PIB, da história.

Nações como Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, Haiti, Honduras, México e Peru enfrentaram protestos sociais contra acesso inadequado aos direitos econômicos e sociais, discriminação, impunidade e alegações de corrupção.

A alta comissária afirmou ainda que em vários países, as manifestações foram reprimidas foram com força excessiva.

Liberdades

Fora das Américas, Bachelet falou sobre a Arábia Saudita e muitas “detenções injustas” e disse que a liberdade de expressão e o direito de reunião pacífica têm de ser protegidos.

FAO/Max Valencia – Chefe de Direitos Humanos defende que pessoas estão sofrendo retrocessos à medida que a pandemia do coronavírus continua

A citar Mianmar, no sudeste da Ásia, ela descreveu uma situação alarmante com “uma grave contração no espaço cívico” após um novo golpe militar no início deste mês.

Bachelet disse que em todas as regiões as pessoas estão sofrendo retrocessos à medida que a pandemia do coronavírus continua ganhando força.

Oportunidades

Para a chefe de Direitos Humanos da ONU, a exclusão acontece não apenas em nível de desenvolvimento e das oportunidades, mas da participação nas decisões sobre a vida e o futuro dos cidadãos.

Ela realçou que a situação enfraquece todos e aumenta a “perda de  perspectivas e experiências que poderiam informar e fortalecer iniciativas coletivas”. Um cenário que “protege a corrupção e os abusos e silencia opiniões”.

Foto ONU/Eskinder Debebe – Sobre a Amazônia, Michelle Bachelet destacou ainda o uso indevido do direito penal para silenciar vozes críticas

Foto destaque: Pnud Peru – Comunidade Amarakaeri na Amazônia, no Peru. Alta comissária disse haver redução da aplicação da lei em países da Amazônia e do Pantanal