A fotografia de Cristo
Jénerson Alves*
Em 05.03.2021
Tímido, o garoto passou ligeiro pela antiga porta de madeira. Sentou-se no último banco, do lado esquerdo. Aos poucos, foi vencendo a timidez e observando melhor o espaço ao seu redor. O assento onde estava era comprido, e a madeira estava um tanto corroída pelo tempo. Uma parte do ‘pé’ direito do banco havia se quebrado, e ficava ‘dançando’ conforme o garoto se movimentava. Olhando bem, tudo parecia antigo por ali. Havia taramelas na porta e nas janelas. As telhas de argila tornavam o ambiente um tanto escuro; uma das lâmpadas incandescentes ficava piscando. Apesar de tudo, o local era estranhamente agradável.
Ele foi convidado para lá por uma vizinha, senhora agradável. “A igreja precisa de jovens inteligentes feito você”, ela falou, como argumento para convencê-lo a ir ao templo. Do alto dos seus 12 anos de idade, ele se sentiu o máximo! Não iria de encontro àquela gentileza e se comprometeu a visitar o ambiente no domingo pela manhã. Foi ali onde teve acesso a um conhecimento superior a tudo o quanto lera! Da boca de um simples pregador, um senhorzinho simpático, ouviu palavras simples, que jorravam vida, como uma fonte perene. Impactado com cada leitura, com cada cântico, com cada palavra, as três horas daquela reunião pareceram-lhe três minutos. Tudo passou muito rápido, e ele saiu de lá pensando em voltar.
E voltou. Nem sempre foi fácil voltar, mas sempre o fez bem. Ali escutou conselhos que complementavam a sabedoria dos seus pais. Os ensinamentos que recebeu ali ajudaram-no durante suas crises existenciais, orientaram-no na tomada de decisões. As amizades construídas naquele ambiente abraçaram sua alma. Foi ali também onde ele aprendeu que sua vida só teria sentido no amor ao próximo. Seus dons, talentos e habilidades deveriam ser utilizados para o bem. Fazer alguém sorrir é a melhor maneira de encontrar felicidade.
Hoje, adulto, segue proclamando os ensinos dos antigos.
Convicto, declara: “assim como a família, a igreja é uma instituição indispensável. As duas foram criadas por Deus. São as mais importantes fundações do mundo, que atuam de forma complementar. As crianças devem ser ensinadas pela família sobre o caráter amoroso de Deus (cf. Ef 6:4); a igreja deve instruir, educar e orientar as pessoas para servir a Deus (cf. 2 Tm 3:16). Em meio ao conflito cósmico, não raramente forças opositoras querem confundir, desconfigurar ou suprimir os papéis da família e da igreja. Jamais conseguiram nem conseguirão, pois ambas refletem a Cristo. Assim como uma fotografia não traduz a plenitude de uma pessoa, a igreja e a família não expressam plenamente a grandeza da Trindade, mas representam o Seu amor. Muitos se opõem a elas, inclusive usando enganosamente o nome de Deus. São mentirosos, orgulhosos e iníquos que, por não poderem atacar o Fotografado, atacam a fotografia”.
Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.
Foto destaque: Pexels/Pixabay