Conhecer é coisa difícil…
Alcivam Paulo de Oliveira*
Em 17.04.2021
“Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovakloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: – Pai, me ensina a olhar!” (Eduardo Galeano O Livro dos Abraços.”
Inspiro-me em Eduardo Galeano para compartilhar que, diante do “mar” da realidade contemporânea, procuro alguém que me ajude a aprender a “olhar”. Mais que contemplar, Ad-mirar para entender… para fugir de olhares parciais, apaixonados, movidos mais pelo amor a si mesmo, pelo seu interesse individual que qualquer outro motivo, como são tantos personagens de Kundera.
Um desejo que se faz busca, como a curiosidade da criança que não se cansa de perguntar o porquê de tudo; como a determinação do sertanejo que procura mel, tendo que bater em todos os tocos de árvore procurando um enxu… vou encontrando conceitos, narrativas, poemas, vídeos, testemunhos. Para todos, olho com crença no início, mas vou questionando e desconfiando enquanto os atravesso… É a busca de fugir da satisfação e da vaidade, às vezes disfarçada de caridade, às vezes disfarçada de pseudoconsciência… Não, não há garantia de sucesso na chegada, há apenas a certeza de explorar todo o potencial da travessia.