Nossa Senhora das Montanhas e a devoção que já dura 3 séculos

Por

Andréa Galvão*

Em 03.07.2021

Maria de Nazaré, também conhecida como Maria Santíssima pelos católicos, foi a mulher israelita que segundo o Novo Testamento teria sido a escolhida para ser a Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Em cada país, em cada comunidade, ela é invocada de uma maneira e recebe diversos nomes, determinados pela fé dos populares.
Na cidade de Pesqueira, agreste pernambucano, a lendária Vila de Cimbres, que já foi distrito e hoje é aldeia, existe uma devoção muito especial que já dura mais de três séculos.
A história conta que no final do século XVII os índios da tribo Xukuru encontraram uma imagem da Virgem Maria dentro de um tronco, na mata virgem, e depois, misteriosamente, ela desapareceu. Depois, ao a avistarem dentro do tronco novamente, os padres oratorianos, fundadores  da Vila, tentaram retirá-la da árvore e a mesma veio a tombar, vitimando um deles.
A linda e pequenina imagem recebeu o nome de Nossa Senhora das Montanhas e só parou de sumir quando ocupou lugar de destaque no altar-mor da paróquia de mesmo nome e construída no ano de 1692. Continua lá até hoje.
Depois disso, indígenas e fiéis passaram a venerá-la com ardor e o sincretismo religioso deu a tônica do culto. Eles a chamam de Mãe Tamain e passaram a incluí-la juntamente com o Pai Tupã para invocar a força encantada nos seus  rituais.
Essa linda demonstração de fé perpassa gerações. Suas festividades são iniciadas todos os anos com um novenário que ocorre no momento em que os índios vão buscar lenha na mata para a a fogueira de São João, no 23 de junho, culminando dia 02 de julho (ontem) com missa solene e procissão com a linda e pequenina imagem de 50 centímetros, ricamente ornada de flores, percorrendo as aldeias e ruas de nossa cidade. É lindo de se ver, mas ontem, em razão da pandemia, não pode haver procissão, para não provocar aglomerações. Os indígenas dançaram o toré (poucos deles, também para não aglomerar) e a missa solene foi realizada com a participação de pouco mais de uma dezena de pessoas.
Viva a Nossa Mãe das Montanhas!

*Andréa Galvão é professora de Língua Portuguesa e Arte no Colégio Santa Dorotéia, revisora ortográfica e redatora. É membro da Sociedade dos Poetas e Escritores de Pesqueira e da Academia Pesqueirense de Letras e Artes.

Foto destaque: Diocese de Pesqueira