O futuro em jogo
Carlos Sinésio*
Em 23.06.2020
Os prejuízos causados pelo novo Coronavírus no mundo são incalculáveis, como tanto se sabe. Entretanto, um dos setores mais prejudicados e que continua mergulhado em incertezas é o da Educação. O problema é seríssimo e preocupa. Isso porque tudo o que temos, precisamos e vivemos num mundo cada vez mais tecnológico carece de estudos e de pesquisas a cada dia mais avançadas e que não podem sofrer interrupção.
No Brasil, o problema é ainda bem mais acentuado. Aqui não há uma estrutura capaz de superar tamanhos prejuízos com mais rapidez e eficiência, como ocorre em países mais desenvolvidos e que investem muito bem nessa área, tão imprescindível ao desenvolvimento humano e ao bem-estar das pessoas.
A educação de excelência é o que garantirá um futuro melhor para todas as sociedades. Disso ninguém deve mesmo duvidar. Assim, nesse mar de incertezas que cerca o setor, é o futuro que está em jogo. Parte dos prejuízos pode até ser recuperada com o tempo, mas há coisas que dificilmente se superam na sua integralidade.
Com a pausa imprevisível e imprevista nas atividades escolares e universitárias, houve uma quebra de ritmo, uma ruptura no ensino e nas pesquisas que não se remenda facilmente. Quem observa as mudanças na vida de alunos e professores, até na própria família, pode perceber isso claramente.
Há três meses, parte dos alunos de escolas públicas e privadas está assistindo apenas a vídeoaulas, única maneira possível, no momento, de se ensinar e aprender e não dar o ano por perdido. Sem aulas presenciais, as vídeoaulas podem suprir parte das necessidades.
Entretanto, alunos de universidades públicas, por exemplo, e de muitas outras escolas das redes municipais e estaduais não estão tendo sequer essa oportunidade. O pior é saber que muitos não assistem as aulas em casa porque não dispõem de computador ou de rede de internet adequada. Lamentável!
Além dos prejuízos no aprendizado, existem perdas de efeito psicológico causadas, sobretudo, em crianças e jovens com mais dificuldade de compreender o atual contexto provocado pela Covid-19. Imagine, por exemplo, um jovem que vai fazer vestibular e acha que não conseguirá a vaga desejada numa universidade pública porque não teve aulas presenciais. Prejuízo emocional na certa.
Enquanto não se definem os cronogramas de aulas presenciais para as redes públicas e privadas, as principais universidades públicas de Pernambuco (UFPE, UFRPE e UPE) avisam que aulas presenciais integralmente para seus 64 mil alunos da graduação só mesmo em 2021. O quadro é tão sério que das 69 universidades federais do País, apenas nove estão oferecendo vídeoaulas.
Essas incertezas e indefinições ainda vão exigir muito trabalho dos profissionais e dirigentes da Educação, até encontrarem saídas menos dolorosas e possíveis para se resolver a situação.
O polêmico e incompetente ministro da Educação, Abraham Weintraub, está sendo defenestrado do cargo por não ter feito nada, além de criar confusões e prejudicar o País. Quem sabe isso não ajuda as autoridades a encontrar os caminhos para se colocar, de forma segura, alunos e professores novamente na sala de aula? O Brasil precisa e clama por isso.
Carlos Sinésio é jornalista. Escreve às terças-feiras.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do blog Falou e Disse.