Um operário das letras
Jénerson Alves*
Em 11.02.2022
Com o coração grato e repleto de emoção, seguro em minhas mãos um exemplar de ‘Douglas Menezes, um operário das letras’. O livro, escrito pelo jornalista José Ambrósio dos Santos, enaltece um importante cronista do Cabo de Santo Agostinho, que voou do município pernambucano para o mundo das letras eternas no dia 26 de fevereiro de 2020, uma quarta-feira de cinzas.
Em que pese o integrante da Academia Cabense de Letras tenha sido professor e um ótimo cultor de outros gêneros literários, sua faceta de escritor de crônicas adquire proeminência na obra. Douglas Menezes parecia ‘fotografar’ detalhes e instantes da cidade onde nasceu, vivia e amava. Esses registros, todavia, não eram feitos com luzes e flashes, mas com palavras e sonhos. Ao eternizar pessoas e lugares, capturava o coração de cada leitor.
A sensibilidade marcante nos textos de Menezes eleva suas crônicas ao patamar das mais relevantes. Nas palavras do próprio escritor, em entrevista concedida ao site Domingo Com Poesia sobre seu último livro, ‘Uma canção, por favor’: “há, nas crônicas, um quê de saudosismo, um memorialismo sentimental da cidade que não existe mais, meio triste, um final de feira melancólico, um agarra-se ao passado recente, como se ele pudesse voltar”.
Ora, Menezes escrevia acerca de temas como a feira, o Cine Santo Antônio e o Rio Pirapama; decantava sua gente, através de personagens como Toinho do Bar, Seu Duca e Madre Iva. Nesses movimentos, promovia o que há de mais sublime na literatura: a analogia da experiência, por meio da qual abrem-se portas para a compreensão do outro e de si.
Douglas Menezes merece ser lido, não (somente) por ser escritor pernambucano. Merece – e precisa – ser lido por ser um autor do mundo. É que sua ‘crônica vontade’ de dizer e escrever reflete a alma de uma sociedade e, desta feita, o interior das pessoas. Neste contexto, José Ambrósio dos Santos lega-nos um livro que nos apresenta um autor, uma cidade e, principalmente, um caminho para nós mesmos.
*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.
Foto: Divulgação
Nota do Editor: O livro Douglas Menezes, um operário das letras tem lançamento previsto para a primeira quinzena de março. O jornalista Jénerson Alves assina a revisão da publicação.
A eloquência manifesta pelo jornalista Jénerson Alves à memória do saudoso Douglas Meneses, meu irmão de fé e de ofício, levou-me a instantes mágicos da longa (??) convivência com o maestro da gramática espontânea, sem nunca perder a linha ou o cerne da melodia que as palavras proporcionam para o encantamento e leveza de quem não deixa uma vírgula ou um ponto na abordagem precisa da escrita. Douglas, caro amigo e irmão, teu nome também é saudade.
Ao jornalista e confrade José Ambrósio, o registro de agradecimento, pela iniciativa ímpar do ‘Douglas Menezes, um operário das letras’.
Meu nobre Paulo, muito grato pelas gentis palavras!
Que o legado do Douglas Menezes seja eternamente lembrado, e que nos unamos ao nobre José Ambrósio neste ideal.
Um forte abraço!