Rádio segue um dos meios de comunicação mais confiáveis, 100 anos após surgimento
Unesco
Em13.02.2022
Dia Mundial do Rádio é celebrado neste domingo; campanha liderada pela Unesco foca no combate à desinformação; profissionais de vários países lusófonos e de emissoras parceiras da ONU News compartilham suas experiências e histórias nesta reportagem especial.
Este domingo, 13 de fevereiro, é o Dia Mundial do Rádio e neste ano, o tema é: “Rádio e Confiança”. Segundo a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, o veículo com mais de um século de história continua sendo “um dos meios de comunicação de maior confiança e de maior uso”.
Ao longo dos anos, o rádio proporcionou um acesso rápido à informação em tempo real, com uma cobertura profissional sobre assuntos de interesse público. E se hoje essa rapidez é ainda maior graças à internet, a situação era bem diferente há 25 anos. Thiago Uberreich, apresentador do Jornal da Manhã, da Rede Jovem Pan, conta como muitas vezes ligou para a emissora para entrar ao vivo, nos tempos em que telefones celulares eram “luxo”.
Fita magnética
“Eu trabalhei por pelo menos dois anos na minha carreira com fita de rolo, com fita magnética. A gente ouvia as entrevistas e colocava uma marca de papel para poder cortar os trechos mais importantes de uma entrevista, ou de uma gravação. Como repórter, na rua, eu ainda entrei muitas vezes ao vivo usando um orelhão (telefone público), a gente ligava a cobrar para a rádio e entrava no ar, entrava ao vivo. São 25 anos desde que eu comecei a minha carreira e o que evolui a tecnologia neste sentido.”
Com ou sem tecnologia, é um meio de comunicação “fácil de fazer e de se entender” – esta é a definição da jornalista Sara de Melo Rocha, ex-radialista da TSF de Portugal, que hoje é apresentadora da CNN no país.
“A rádio é também muito resistente. Numa situação de catástrofe, é o primeiro meio e provavelmente o único que vamos conseguir usar para poder comunicar. E é resistente também à passagem do tempo. Durante os últimos anos, a rádio tem se adaptado, tem enfrentado as novas tecnologias e até mesmo as redes sociais. A rádio acaba por ser quase uma espécie de rede social antes delas terem aparecido. Longa vida à rádio e feliz Dia da Rádio!”
Parcerias internacionais
No Brasil, a equipe da CNN em São Paulo trabalha diariamente para levar informações de confiança sobre assuntos nacionais e internacionais. E para isso, contam com a ajuda da ONU News, como explica a gerente de jornalismo na CNN Brasil Rádio, Joyce Murasaki.
“A gente tem uma preocupação muito grande com a qualidade, claro, do conteúdo que a gente leva diariamente aos nossos ouvintes e dentro disto, vem essa parceria com a ONU News, que agrega ao nosso conteúdo, sempre com informações de qualidade, informações relevantes e direto da fonte.”
Além de informar, o rádio educa, entretém e diverte. A comunicação por áudio se expandiu ainda mais nos últimos anos, com a produção de podcasts, como ressalta a jornalista e apresentadora da emissora de rádio CBN, em São Paulo, Tatiana Vasconcellos.
Podcasts
“Tem muita coisa produzida em podcast que poderia estar no rádio, assim como tem muita coisa que está no rádio, como o que a gente faz, por exemplo, as entrevistas que a gente faz no Estúdio CBN viram podcast depois. É por isso que eu tendo a acreditar que podcast é menos uma linguagem e mais um jeito de consumir conteúdo de áudio.”
A diversidade e a inclusão são outras características marcantes do rádio. A Unesco lembra do papel fundamental do veículo, ao “dar o microfone para minorias por meio das rádios comunitárias”.
É exatamente o que acontece na Ásia, onde a Rádio Rakambia transmite conteúdo para ouvintes do Timor-Leste, com meninas e mulheres no comando, incluindo a jovem Erciana Fernandes Belo.
“Olá, olá, ouvintes! Bom dia da Rádio Rakambia, em Timor-Leste e também no mundo. Hoje é o Dia Mundial do Rádio e minha mensagem aos nossos ouvintes é que continuemos ouvindo rádio e confiando nele. O rádio continua sendo uma das mídias mais confiáveis e ampliamente utilizadas hoje em todo o mundo.”
Companheiro de todos
Produzir conteúdos independentes e de qualidade, com informações credíveis, continua sendo essencial para manter a confiança dos ouvintes, segundo a Unesco. No sul do Brasil, a Rádio Guaíba transmite informações para o Rio Grande do Sul há 65 anos, criando uma relação muito próxima com os ouvintes, como destaca o gerente da emissora, Guilherme Baumhardt.
“Esse veículo entra nas nossas vidas, nas nossas casas, quase que sem pedir licença, de uma maneira muito direta e muito coloquial, muitas vezes torna-se um amigo nosso. O rádio permanece e ele vai, à medida que o tempo passa, se adaptando às novas realidades, às novas tecnologias e isso é fantástico. O rádio é o grande companheiro de todos nós e é um companheiro mundial.”
O rádio como o grande companheiro da população é também uma realidade na África, onde em muitas situações, o sinal da internet é fraco ou até inexistente. De Bissau, capital da Guiné-Bissau, o jornalista e correspondente da ONU News, Amatijane Candé, explica que o veículo continua muito relevante.
“Dadas as deficiências que temos em termos de cobertura da internet e da própria televisão nacional, é só ela que nos consegue acompanhar por tudo quanto é lado. A rádio desempenhou sempre e continua a desempenhar um papel extremamente importante nesta sociedade, não só do ponto de vista informativo, mas também do próprio entretenimento.”
O Dia Mundial do Rádio é celebrado há 10 anos em 13 de fevereiro para marcar a fundação da Rádio ONU, em 1946, que atualmente é uma plataforma multimídia, batizada de ONU News – Perspectiva Global, Reportagens Humanas.