Meus irmãos, trovadores de Caruaru

Por

Jénerson Alves*

Em 14.10.2022

“Uma composição poética de quatro versos setessilábicos, rimando pelo menos o segundo verso com o quarto, e tendo sentido completo”. Essa é a definição da trova moderna, lavrada pelo poeta Luiz Otávio no livro ‘Meus irmãos, os trovadores’, publicado na década de 1950. Esse gênero poético, embora tenha origem medieval, atualmente possui características bem peculiares e integra um forte movimento que se espalha por todo o Brasil.

Aliás, o próprio Luiz Otávio foi fundador da União Brasileira de Trovadores (UBT), entidade que fortaleceu ainda mais o estilo. Todavia, ao percorrer a literatura brasileira, podemos ver esse estilo sendo cultivado por nomes como Gregório de Matos Guerra, Castro Alves, Olavo Bilac, Cruz e Sousa, e até modernistas como Cecília Meireles e Manuel Bandeira.

Em Caruaru, no Agreste pernambucano, o movimento acaba de ganhar um novo fôlego. A chama foi acesa pela poetisa e professora Aline Sales, que reuniu um seleto grupo de poetas com o intuito de estudar e cultivar essa modalidade. O trabalho está sendo tão profícuo que gerou a UBT-Seção Caruaru-PE, presidida por Aline Sales e contando com a participação de autores como Luciano Dionísio, Raudenio Lima, Dorge Tabosa, Cilene Santos, Dilma França, Rogério Meneses, Pedro Poeta e Davi Geffson.

Em 04 de outubro, foi celebrado o Dia de São Francisco de Assis, que é padroeiro dos trovadores. O santo que pregou paz e empenhou-se em viver a pura letra do Evangelho, metaforicamente, inspira a letra e a verve de tantos e tantos trovadores – os quais, com simplicidade, são como verdadeiros irmãos e irmãs, espalhando luz e vida através das palavras.

*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.

Imagem: Imagem de São Francisco pintada quando ele era vivo. Está no Mosteiro de Subiaco, Itália.