Projeto da Funase/Caruaru estimula autoestima de adolescentes e concorre a prêmio nacional

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Redação, com Ascom Funase

Em 07.07.2020

Iniciativa, desenvolvida no período de até 45 dias, é uma das boas práticas pernambucanas concorrentes ao 17º Prêmio Innovare

Uma experiência desenvolvida com adolescentes em internação provisória na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) em Caruaru, no Agreste, é uma das práticas pernambucanas que disputam o 17º Prêmio Innovare, o principal da Justiça brasileira. A iniciativa, considerada inovadora pelos resultados alcançados em um curto tempo, já impactou 120 pessoas em menos de um ano de funcionamento

Com o título “Entre livros e textos: leitura, diálogo e relações sociais”, o projeto, executado em apenas 45 dias – período máximo em que permanecem nesse tipo de regime – reúne os adolescentes duas vezes por semana.

Dos encontros, eles saem com livros emprestados para exercitarem a leitura em seus alojamentos e, na semana seguinte, discutirem sobre os temas abordados. No acervo, composto por mais de 100 exemplares, obras como “Triste Fim de Policarpo Quaresma” e “A Batalha dos Mamulengos”. Os internos são estimulados a produzir redações, anexadas aos relatórios encaminhados ao Judiciário com o intuito de mostrar o viés produtivo do período que passam na Funase e contribuir com a avaliação dos processos de cada um.

“Os adolescentes que chegam, em sua maioria, têm problemas de autoestima. Então, essa iniciativa tem ajudado nesse processo e estimulado que aproveitem o tempo livre de forma produtiva. Costumamos levar textos com alguma intencionalidade, propondo questões de gênero, machismo, preconceito e outros temas. Fazemos a leitura em grupo, trabalhando a oralidade e estimulando que eles despertem para essas questões. É comum que, alguns encontros depois, eles passem a se perceber em algumas situações, como de racismo, e comecem a problematizar isso”, avalia a pedagoga Maurinúbia Moura, uma das autoras do projeto.

A ação, que é voltada a internos já alfabetizados, ocorre desde setembro de 2019. Na unidade, é atendido um público oriundo de 42 municípios do Agreste e com idades entre 12 e 18 anos. “O projeto leva o adolescente a fazer uma reflexão e ele passa a ter voz por meio dessa ação. Quando é levado a esse lugar de fala, ele se percebe como indivíduo e passa entender que o espaço dele termina onde o do outro começa. Passa a pensar, inclusive, sobre a possibilidade de retorno à escola, entendendo que a educação é a melhor opção para iniciar um novo projeto de vida”, completa a assistente social Natália de Melo, também autora da iniciativa.

A expectativa é de que, além de pleitear reconhecimento nacional, por meio da participação no Prêmio Innovare, o projeto possa ser estendido a outras unidades de internação provisória da Funase. “Mesmo tendo apenas 45 dias para trabalhar com esses adolescentes, temos buscado realizar atividades que influenciem positivamente o momento posterior da vida deles. Os resultados do grupo de reflexão e leitura nesses primeiros meses de funcionamento nos orgulham muito e têm potencial, com certeza, para obter reconhecimento nacional”, avalia a coordenadora geral do Centro de Internação Provisória (Cenip) Caruaru, Maria Clara Amorim.

Foto: Divulgação/Funase