Pelas mulheres de todo o mundo
José Ambrósio dos Santos*
Em 09.03.2024
Quem esteve ontem à tarde no centro do Cabo de Santo Agostinho pode assistir a um desfile de grande beleza.
A beleza do propósito, da garra, da bravura, da luta.
Com determinação e altivez, centenas de mulheres caminharam pelas principais ruas da cidade em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.
“Estamos afirmando os nossos direitos, denunciando todas as violências de gênero e lutando por novas conquistas”, repetia como um mantra a filósofa Izabel Santos, Coordenadora do Centro das Mulheres do Cabo, entidade responsável pela manifestação.
A marcha também marcou os 40 anos de criação do Centro das Mulheres do Cabo.
Em quatro décadas de luta qualificada, dedicada e diária, são muitas as conquistas e os avanços, mas a violência contra a mulher ainda amedronta, mutila e mata.
No ano passado, no Cabo de Santo Agostinho, quatro mulheres tombaram sem vida, vítimas de feminicídio.
O Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, é o quinto município mais violento do Brasil, com 81,2 homicídios por 100 mil habitantes, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023. A pesquisa inclui apenas cidades com mais de 100 mil habitantes.
Violência que assusta e muito; que revolta e muito; que entristece e muito.
Mas nada esmorece a luta. Ao contrário, ela se fortalece a cada ano e cada vez mais mulheres vão às ruas exigir nenhum direito a menos.
E elas o fazem com leveza, alegria e até graça apesar da gravidade e do peso das bandeiras que empunham: JUSTIÇA, IGUALDADE, RESPEITO, EQUIDADE.
Na manifestação de ontem, representações de associações de mulheres dos municípios de Escada e Ipojuca somaram-se aos gritos que não calam e ecoam sempre mais alto.
Até porque, liberdade é pouco, como disse Clarice Lispector. “O que eu desejo ainda não tem nome”, completou a escritora.
Elas lutam sempre com todas as forças para que nada as defina, que nada as sujeite e que a liberdade seja para elas a própria substância, já que viver é ser livre, como pregava a escritora, intelectual, filósofa existencialista, ativista política, feminista e teórica social francesa Simone de Beavouir.
E, como Simone de Beavouir, elas lutam pelas meninas e mulheres de hoje e de amanhã do Cabo de Santo Agostinho, de Ipojuca, Escada, Pernambuco, do Brasil e do mundo.
Bravas!
*José Ambrósio dos Santos é jornalista e integrante da Academia Cabense de Letras.
Ilustração: Marcelo Ferreira
Lembro-me bem quando foi fundado o Centro das Mulheres de Cabo. Foi um marco na vida das mulheres de Juçaral. Que avanço! Na época era Efigênia quem liderava as ações na nossa comunidade com o apoio de Colette e Marieta. Chega ser nostálgica,a lembrança dessa época. Obrigada Ambrósio,pelo ótimo artigo.
Isso, amiga Jô. Primeira metade da década de 1980. tempos difíceis. Efigênia, Marieta, Sílvia Alexandre, Colette Catta. Muita entrega na organização das mulheres. Esforço que prosperou e vem salvando muitas mulheres. Reconhecimento internacional.