Douglas Menezes para patrono da Biblioteca da Escola Técnica Epitácio Pessoa

Por

José Ambrósio dos Santos*

Em 23.09.2024

Na quinta-feira da semana passada, depois de 51 anos, retornei à Escola Técnica Estadual Epitácio Pessoa, no Cabo de Santo Agostinho, onde conclui o Ginásio em 1973. Uma visita que me deixou emocionado, mas principalmente confiante na atual geração de estudantes do antigo Ginásio Industrial.

É que estudantes e professores estão escolhendo um nome para patrono da Biblioteca da Escola, e eu fui apresentar o de Douglas Menezes de Oliveira, o maior cronista do Cabo de Santo Agostinho nas últimas quatro décadas.

Além de Douglas Menezes eles avaliam os nomes do professor Carlos Silvino, dos poetas Théo Silva e José Plech Fernandes (Zeca Plech), e da poetisa Celina de Holanda. Todos sugeridos pela Escola e referendados pela Academia Cabense de Letras (ACL), que acrescentou o de Carlos Silvino.

Estudantes da Escola Técnica Estadual Epitácio Pessoa.

Todos os concorrentes foram defendidos por integrantes da ACL. Tereza Soares apresentou Théo Silva. Ivan Marinho defendeu os legados  de Celina de Holanda e Zeca Plech. Enquanto Vera Rocha e Carlos Gomes exaltaram a contribuição de Carlos Silvino para a literatura.

Poeta, contista, compositor, cronista e escritor, Douglas Menezes, que ocupou a cadeira de número 11 da ACL e estudou no antigo Ginásio Industrial, foi também professor. Amante da literatura, dedicou a vida ao ensino, a repassar à juventude conhecimentos, valores éticos, sentimentos de cidadania e a ensinar a arte da reflexão, do pensar e compreender o valor transformador da Educação. Passou mais de 40 anos em sala de aula.

Apaixonado pela cidade onde nasceu no dia 23 de setembro de 1954, Douglas completaria hoje 70 anos de idade. Como escreveu seu irmão mais velho, jornalista Roberto Menezes, na apresentação do livro Douglas Menezes, um operário das letras, seu “querido” irmão se encantou de repente. “Sumiu desse mundo como se falasse no pé do ouvido de cada cabense: já fiz o que tinha que fazer. Fui!”

E Douglas tanto fez (cantou) o Cabo de Santo Agostinho e a sua gente, que no dia da despedida, a Quarta-feira de Cinzas de 2020, ele escreveu e divulgou a sua última crônica, Felizmente, a vida continua. “Por isso, um pouco de carnaval prolonga a utopia de que se é feliz, ao menos uns dias por ano. Daí a dor ao terminar esse reinado de fantasia. Quando o pobre se sente um pouco elite, um pouco rei e rainha”, ressalta Douglas em um dos trechos da crônica.

E conclui: “Enfim, amanhã as cinzas estarão dissipadas na quinta-feira cotidiana, com os foliões fazendo as contas juvenis, aguardando de novo o momento de se virar criança, na busca do próximo carnaval de ilusões e sonhos e cinzas ingratas.”

Professor Bernardo Tenório recebe exemplar do livro Douglas Menezes, um operário das Letras e outros títulos de José Ambrósio dos Santos doados à Biblioteca da Escola Técnica Estadual Epitácio Pessoa.

O livro Douglas Menezes, um operário das letras foi entregue ao coordenador da Biblioteca, professor Bernardo Tenório, e já compõe o acervo daquela sala de leitura e pesquisas. Doutorando em História da Filosofia, o professor Bernardo se empenha no estímulo à ampliação da leitura e do conhecimento por parte das alunas e dos alunos.

Como ressaltei no início e no final da apresentação de Douglas Menezes, que contou com a expressiva participação de Vera Rocha e da viúva de Douglas, Débora Oliveira, o nome escolhido para patrono me representará e também a Academia Cabense de Letras.

Na verdade, quem ganha com esse processo de escolha para patrono da Biblioteca da Escola Técnica Estadual Epitácio Pessoa é o fazer literário, a democracia e a cidade que pode ofertar valorosos nomes.

*José Ambrósio dos Santos é jornalista, escritor e integrante da Academia Cabense de Letras.