O amor materno
José Ambrósio dos Santos*
Em 26.09.2024
– O filhinho e a mamãe – disse o menino de cerca de seis anos de idade a caminho da escola ao lado da mãe, apontando para um par de equinos a uns 15 metros, do outro lado da rua, hoje, às sete da manha, em Candeias, Jaboatão dos Guararapes.
E o reconhecimento imediato do menino estava correto. Um filhote seguia os passos de uma égua que buscava alguma vegetação no asfalto, caminhando principalmente próximo ao meio-fio, onde algumas plantas teimam em brotar.
A mamãe do menino confirmou de imediato o reconhecimento feito pela criança, creio que pela maior atenção, maior proximidade, maior permanência e maiores manifestações de amor entre mãe e filho, na maioria das vezes.
Não saberei precisar; mas foi bonito assistir a pronta constatação do menino que seguia tranquilo segurando a mão da sua mamãe, somente se voltando para acenar a tobias, o meu cachorrinho poodle, em sua caminhada matinal.
Mãe e filhote seguiram buscando alimento, inclusive revirando lixo, cena também vista pela criança momentos antes de deixarem os animais para trás.
Revoltante o descaso de pessoas com os animais tão explorados em penosos trabalhos como os de puxar carroças. Os animais circulam soltos, sem nenhum acompanhamento, assustando (em muitos casos) e pondo em risco a segurança das pessoas. Sem alimentos em estrebarias improvisadas, soltam os animais pelas ruas.
Revoltante a ausência do poder público municipal que não enxerga essas cenas diárias em áreas onde se paga as maiores taxas de IPTU do município. Imagine nos lugares mais remotos! O lixo mal recolhido é sempre visto nas calçadas.
Uma tristeza!
Como saber o que contém uma sacola de lixo atirada na calçada? Restos de comida, alimentos e medicamentos com data de validade vencida, objetos cortantes e perfurantes.
O menino, inclusive, precisou desviar de uma sacola de lixo na calçada. Não sei se foi também depois revirada pela égua ou o seu filhote faminto.
*José Ambrósio dos Santos é jornalista, escritor e integrante da Academia Cabense de Letras.
Imagens: Fotos de José Ambrósio dos Santos.
Todos dias me deparo com animais em situação de rua, principalmente cães e gatos. É triste ver que são vítimas da maldade humana. Sofro muito com essa situação,sem poder ajudar a todos. Faço como posso,mas tá difícil. São muitos.
Essa abordagem interessantíssima também pode ser vista como uma utilidade de serviço público, pois quem sabe chama a atenção da atual gestão para que venha tomar as devidas providências.
Isso, amigo Pedro Alves. A crônica ressalta a sublimidade do amor materno, reconhecida plenamente pela criança, mas denuncia o descaso público com algo tão necessário e inadiável: a proteção aos animais.