O futuro dos próximos quatro anos

Por
Ayrton Maciel*
Em 20.09.2020
De quatro em quatro anos, o mundo tem a oportunidade de mudanças nas relações internacionais e na geopolítica global. É uma escolha entre rejeição ou continuidade para o quadriênio seguinte. O destino desses quatro anos, não está – todavia – sob arbítrio do planeta a possibilidade do controle das alternativas: alteração ou permanência. De forma absoluta, é muita petulância, arrogância e poder sob o domínio de um país, os Estados Unidos. É sob arbítrio do povo norte-americano que está a escolha que afetará nexos, cadeias e dependências de/e entre 200 outros países.
A autodeterminação dos povos e a soberania dos países são princípios sagrados para a paz. As relações entre nações dependem da consagração desses preceitos. Então, é sacro o direito do povo dos EUA escolher uma das alternativas, sem a obrigação de medir consequências para outros povos. A reflexão central é: como se permitir ter tanto poder? Econômico, militar e político. Como se permitir ter tanta riqueza, em detrimento de dezenas de países e bilhões de pessoas que têm o mínimo ou não têm. Essa não é uma questão de culpa e, sim, de consequências.
Não se chegou a este mundo por vontade exclusiva, mas também por cobiça, exploração e relações injustas. É uma questão de relações humanas e evolução. E só com a evolução é que passou-se a discutir sobre a natureza humana e moral, ética e científica das pessoas, fatos e coisas. Mas, esta não é a discussão. A questão é: como um país pode influenciar os quatro anos seguintes do mundo? E caberá a seu povo, que escolherá o que considere melhor para si, definir para a paz ou para a guerra, para a justiça social ou para a indiferença, para a igualdade de direitos ou para as prioridades e privilégios. A economia dita, o militar preserva e a política ajusta.
No dia 3 de novembro, o mundo saberá qual a escolha que direcionará as relações entre os povos e a geopolítica internacional dos próximos quatro anos. Os norte-americanos irão escolher entre o atual presidente Donald Trump, do Partido Republicano, e Joe Biden, do Democrata, ex-vice-presidente de Barack Obama. Uma questão de autodeterminação do povo dos EUA. Se as relações entre países e a paz fossem determinantes, possivelmente Trump estivesse encerrando a sua Era de obscurantismo. Manifestamente, o mundo – em sua maioria – torce pela mudança.
Muito além das promessas de candidatos de acabar com as “guerras eternas”, a ingerência em assuntos de outros países, a violação de soberanias e com as ações para a queda de governantes desafetos, a maioria norte-americana – que se forma a cada eleição – sempre prioriza o “próprio umbigo”, os problemas e as soluções internas. Com o Partido Democrata, historicamente há maior possibilidade de diálogo entre as nações, cumprimento de decisões da ONU, respeito às cartas de direitos humanos e ambientais e reconhecimento de Cortes internacionais. Tudo o que Trump abomina em seu mandato, e com o qual influencia governantes pelo mundo.
Há uma chance de mudança em 3 de novembro. Documento com pontos para o programa de governo de Joe Biden, divulgado pelo Washington Post, mostra – de forma abrangente – compromissos com justiça racial, imigração, mudança climática e assistência à saúde, temas que estão hoje nas demandas do dia a dia da sua população. Esses são assuntos permanentes dos países em desenvolvimento e que afligem profundamente nações da África, Ásia, Oriente e Américas.  Entretanto, o documento deixou de fora a política externa, justamente o ponto mais conflitante com os demais países. A promessa democrata é de que é onde haverá as mudanças mais profundas. Se assim for, é o que o mundo espera.
Ayrton Maciel é jornalista. Trabalhou no Dario de Pernambuco, Jornal do Commercio e nas rádios Jornal, Olinda e Tamandaré. Escreve aos domingos.
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