E aí, o que irá no teu epitáfio?

Por

Jairo Lima*

Em 27.09.2020

Ops! Tem nada de brincadeira macabra nisto, viu? É que, lendo a obra da enfermeira australiana, Bronnie Ware, ‘Antes de partir: “Uma vida transformada pelo convívio com pessoas diante da morte‘, achei pertinente fazer referência ante os sustos que todos nós levamos com a pandemia. Mas calma lá, também não me refiro a esse novo normal tão apregoado ou coisa do gênero. Falo sobre o pensar da nossa existência, só isto.

A escritora que trabalhou por muito tempo com pacientes terminais, em sua maioria com câncer, catalogou as principais frases ditas por quem está à beira da “morte”, as quais reproduzimos abaixo:

  1. Eu gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida verdadeira a mim mesmo, e não a vida que os outros esperavam de mim – Este foi o arrependimento mais comum de todos. Quando as pessoas percebem que sua vida está quase no fim e olham para trás, é fácil ver como muitos sonhos não foram realizados;
  2. Eu gostaria de não ter trabalhado tão duro – Isto veio de cada paciente do sexo masculino que eu acompanhei. Eles perderam a juventude de seus filhos e o companheirismo dos parceiros. As mulheres também falaram sobre esse arrependimento. Mas, como a maioria era de uma geração mais velha, muitas das pacientes do sexo feminino não tinham sido as pessoas que sustentavam a casa;
  3. Eu gostaria de ter tido a coragem de expressar meus sentimentos – Muitas pessoas suprimiram seus sentimentos a fim de manter a paz com os outros. Como resultado, eles se estabeleceram por uma existência medíocre e nunca se tornaram quem eram realmente capazes de se tornar. Muitos desenvolveram doenças relacionadas à amargura e ressentimento que carregavam, como resultado disso;
  4. Eu gostaria de ter mantido contato com meus amigos – Muitas vezes eles não percebem verdadeiramente os benefícios de velhos amigos até estarem em seu leito de morte, e nem sempre foi possível reencontrá-los nestes últimos momentos. Muitos haviam se tornado tão envolvidos em suas próprias vidas que tinham deixado amizades de ouro escapar nos últimos anos;
  5. Eu gostaria que eu tivesse me deixado ser feliz – Este é surpreendentemente comum. Muitos não percebem, até o fim, de que a felicidade é uma escolha. Eles haviam ficado presos em velhos padrões e hábitos. O chamado “conforto” da familiaridade transbordou em suas emoções, bem como as suas vidas físicas. O medo da mudança os fazia fingir para os outros e para si mesmos, que estavam satisfeitos. Quando lá no fundo, eles ansiavam em rir e serem bobos em sua vida novamente. Quando você está no seu leito de morte, o que os outros pensam de você é muito diferente do que está em sua mente. Como é maravilhoso ser capaz de relaxar e sorrir novamente, muito antes de você estar morrendo. A vida é uma escolha. É a sua vida. Escolha conscientemente, escolha sabiamente, escolha honestamente. Escolha a felicidade.

Acaso você passe longe de num futuro próximo se ver falando algo semelhante ao que tá escrito acima, meus parabéns! Você pode ser considerado como um ponto fora da curva. Mas, se ao contrário, analisando bem o seu estilo de vida, você percebeu uma certa ‘sintonia’, calma, não há motivos para desespero!

Ainda dá tempo, nada está perdido. Basta que você regule o velocímetro da sua vida, confira se alguns itens, como o retrovisor ainda permanece no mesmo lugar, se está limpo…Olhar para trás objetivando não perder de vista tudo que lhe foi didático, vai lhe ajudar ainda mais. Analise se no motor da sua existência, você não está colocando aditivos além da conta e se seu para-brisas ainda recebe o carinho constante do limpador, facilitando assim a sua visão de futuro e, sobretudo, vistorie os seus faróis, pois nenhuma estrada escura ou sinuosa haverá de representar perigos quando somos guiados pela luz.

*Jairo Lima é gestor público e artista. É membro da Academia Cabense de Letras.

Foto destaque: fotografiaprofissional.org