Viva a vida!

Por

Vera Rocha*

Em 27.09.2020

A aurora de setembro já se conectava com o cosmos e os ventos de agosto ainda teimavam em soprar balançando, fortemente, o arvoredo. A brisa na face nos faz absorver o ar que fecunda a vida. Quantos de nós lembramos de agradecer pelo ar que respiramos? Quando ele nos falta por dificuldades orgânicas, precisamos recorrer ao ar artificial, que nem sempre nos supre com eficiência. Os valores para o existir vão mudando com as nossas expectativas.

Necessário se faz pensar na razão da vida. Será que estamos aqui apenas para comer, dormir, trabalhar, pagar contas, brigar por direitos, nos divertir e criticar quem faz ‘coisas erradas’? Viver transcende a matéria! Quando mergulhamos em nós e descobrimos essa força que vem do Universo e nos impulsiona a ir ao encontro do outro para suprir as suas necessidades, estamos aprendendo com a Natureza que coloca todos os recursos à nossa disposição, independente do que possamos fazer com eles.

Pensemos, pois, na dialética da vida para nos nutrir. Quantos laboram para que tenhamos o alimento à mesa e para suprir todas as outras necessidades primárias e secundárias como dormir, trabalhar, divertir e acima de tudo amar?

“… Somos nós que fazemos a vida como der, ou puder ou quiser, sempre desejada…”

Gonzaguinha

Que possamos despertar desse sono letárgico e mergulhar nesse oceano de entrega afetiva, de perdão, de fraternidade legítima, por compreender que o outro é falho, mas que também o somos e nem por isso deixamos de nos amar mutuamente.  E que não temos o controle de absolutamente nada, muito menos de quando deve surgir ou cessar a vida humana. No entanto, quando de posse do bem supremo que é a vida e dotados de inteligência, podemos agir como disse o grande poeta Gonzaguinha em sua música O que é o que é: “… Somos nós que fazemos a vida como der, ou puder ou quiser, sempre desejada…”

Fomos feitos para o amor, para a vida plena! Viva a vida!

*Vera Rocha é escritora, poeta, psicopedagoga, autora do livro “A cidade vista da minha janela & outros olhares” e membro da Academia Cabense de Letras.