Formando eleitores pensantes

Por

Valéria Saraiva

Em 28.09.2020

Estava pensando nas eleições que estão próximas, apesar da pandemia. Mas já se fala em eleição e a maioria dos políticos que a gente não via há quatro anos vai aparecer de novo pra pedir voto.

Vão começar as promessas de campanha e a difamação dos adversários. Sem contar que muitas pessoas que trabalham nas prefeituras em cargos comissionados, por medo de ficar desempregadas, irão fazer campanha pra seus respectivos políticos governistas.

O povo está acostumado à política do toma lá da cá. Muitos políticos alimentam esse vício que vem de várias gerações. Segundo esse sistema, os eleitores só votam em quem lhes dá algum tipo de benefício ou vantagem.

Esse tipo de política é absurda e precisa acabar. Sabemos que a população é carente, mas o que precisa ser feito são programas sociais para suprir essas necessidades.

A política do toma lá da cá é uma faca de dois gumes. Porque o político que se elege comprando votos, depois que chega ao poder, não tem compromisso com a população. Sem contar que a compra de votos é crime eleitoral.

E desse jeito os políticos vão se perpetuando no poder e nada de concreto é feito pela população. A saúde, educação e segurança continuam deficientes na maioria das cidades.

A população precisa exigir que os políticos cumpram suas promessas de campanha, que tenham transparência no governo, que trabalhem pelo povo e não contra ele.

O escritor português Antônio Prates sintetiza com muita clareza o cuidado que se deve ter com o voto. Diz que na política, a democracia parece ser o método mais justo, mas adverte, afirmando que como “o voto de um honesto vale tanto quanto o de um corrupto e como o voto de um idiota, tanto quanto de um inteligente, pode ser perigoso, porque a maioria vence sempre.”

Por isso, precisamos investir na educação para criar pessoas críticas, que sejam capazes de contestar o sistema, e os jovens, quando aprendem, ensinam seus pais e avós, em casa.

A educação é a chave do crescimento de várias nações. Aqui no Brasil, ela é sucateada, porque os políticos não querem pessoas com capacidade de criticar. Eles estão transformando a educação básica em técnica, pra que os alunos terminem o ensino médio e virem mão de obra. Não estão preparando esses jovens pra ir para uma faculdade e crescer profissionalmente.

O único jeito de libertar uma população é pela educação.

Com dizia Paulo Freire: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.”

Já no século 18, o filósofo prussiano Immanuel Kant era taxativo ao ressaltar a importância da educação: “É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade.”

Só com a educação podemos lutar para que nossa democracia seja aperfeiçoada. Precisamos de pessoas conscientes, capazes de ver os erros do sistema e contestá-los.

Infelizmente, com o advento da internet e das redes sociais, cresceu no mundo todo o disparo de fake news. Foi, em grande parte, por meio da utilização e massa delas, segundo uma quantidade enorme de denúncias, que o atual presidente foi eleito. Ainda correm processos na justiça sobre a máquina de disparos de fake news.

O problema é que, como a população não sabe criticar, é fácil as fake news alcançarem seus objetivos. O cidadão recebe a informação falsa e não procura pesquisar a respeito, apenas absorve tudo como verdade. A população de um país onde a educação não é prioridade é uma isca fácil pra essa prática.

Precisamos ter mais cuidado com tudo que recebemos pelas redes sociais.

A chave para resolver tudo isso é a educação.

Pensem bem em quem vocês vão colocar no poder nessa eleição (prefeito e vereadores) e cobrem dos seus candidatos políticas públicas voltadas para melhorar a educação, a saúde e a segurança.

Vamos pensar bem antes de votar para não nos arrependermos depois.

*Valéria Saraiva é enfermeira, poetisa, cronista, autora do livro “Lírios, Tulipas e escorpiões” e membro da Academia Cabense de Letras. Escreve às segundas-feiras.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do blog Falou e Disse.

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