SHOW DE BOLA – Regulamento ou bom senso?
Hamilton Rocha
Em 28.09.2020
Quando o Hino Nacional foi executado no Allianz Parque, na tarde deste domingo, jogadores de Palmeiras e Flamengo estavam espalhados no gramado da Arena. A quebra de protocolo foi apenas um capítulo de uma história carregada de insensibilidade e irresponsabilidade. O regulamento possibilita a cada time a inscrição de 40 atletas na Série A do Brasileirão, mas será que não era hora de usar o bom senso? Depois da viagem ao Equador para fazer dois jogos, o Flamengo desembarcou com 41 casos de covid-19 na delegação, sendo 19 jogadores.
Alguns usaram o argumento de que o Flamengo teria voltado aos treinamentos antes do que foi determinado pelas autoridades de saúde. Realizar a partida representaria uma “punição” para a equipe carioca. O Palmeiras só pensou nas vantagens, em tirar proveito da situação, enfrentando um Flamengo com a grande maioria de reservas e garotos da base, além de destroçado psicologicamente.
O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) no Rio de Janeiro determinou o adiamento da partida, mas o Tribunal Superior do Trabalho (TST) cassou a liminar e manteve a realização do jogo. Comunicados da decisão minutos antes da partida, os meninos do Flamengo chegaram atrasados no Allianz Parque, mas mostraram garra contra o time principal do Palmeiras. Orientados em campo por apenas quatro atletas titulares, muitos fizeram ontem o jogo de suas vidas, apesar da circunstância. O empate foi, sem dúvida, um grande resultado.
CURTAS
Choro – A meninada do Flamengo que fez bonito no Allianz Parque teve como um dos símbolos da garra o goleiro Hugo (foto em destaque), escolhido o melhor da partida. Emocionado, Hugo chorou muito no final da partida. Lamentou que a grande atuação não foi vista pelo pai. “Faz seis meses que perdi meu pai. Um cara que me deu tudo. Foi a primeira vez que entrei em campo sem meu pai”, disse o goleiro, que foi exaltado pela torcida nas redes sociais. De origem humilde, Hugo deixou o Vasco da Gama depois de perder uma ajuda de custo de R$ 600,00 por mês.
Astral – Vestiário também ganha jogo. Quem conhece de perto o ambiente do Sport garante que não é somente a postura dentro de campo, implantada pelo técnico Jair Ventura, que está trazendo bons resultados e a boa colocação na tabela da Série A. Nos bastidores, os jogadores vivem um clima de muita união e descontração. Vários vídeos postados nas redes sociais mostraram um ambiente leve, que parece ter chegado depois que a diretoria atualizou grande parte de salários e direitos de imagens que estavam atrasados.
Três pontos – Depois de dez dias de treinamento, os jogadores do Náutico confiam que a equipe tem condições de vencer o forte Cuiabá, líder da Série B, nesta terça-feira (29.09) fora de casa. O treinador Gilson Kleina não pode escalar o principal jogador do time, o meia Jean Carlos, mas terá à disposição o recém-contratado Ruy, que estava no Coritiba. O timbu tem 14 pontos em 11 partidas, está na 10ª colocação. Se vencer, encosta no grupo de cima da tabela.
Arruda – Com os atacantes sem marcar, o Santa Cruz também volta a campo nesta terça-feira (29.09), jogando no Arruda contra o Jacuipense (BA), que ocupa sexta colocação na Série C. O técnico Martellote vai para o terceiro jogo de olho na liderança, que hoje é do Ferroviário (CE), mas apenas pelo critério de saldo de gols. O time entra reforçado contra os baianos, com as presenças de Peri, contratado recentemente e a volta de um dos principais jogadores, o meia Paulinho.