Conversa mole não é comigo!

Por

Rodolfo Aureliano Filho*

Em 08.10.2020

“Teremos de construir sociedades no terceiro mundo que proporcionem o protagonismo de todos e sua visão crítica. Para que assim os imperialistas saibam que o nosso lema é Pátria ou Morte!”
Che Guevara.
(Trecho do discurso na Assembleia Geral da ONU no dia 11 de dezembro de 1964.

Na verdade, todo regime tem erros e acertos e temos de considerar a conjuntura na qual os fatos se deram. O Che (Ernesto Ché Guevara) não era cubano. Certo ou errado ele buscava com a sua visão materialista do mundo, uma melhoria humana. Ele estava um degrau acima dos demais líderes cubanos e até dos soviéticos, porque era um líder que buscava a escuta acolhedora das massas cubanas, seu protagonismo e a evolução pessoal de cada cidadão. Sabemos que as melhores experiências cubanas, como o combate à fome, ao analfabetismo, o estímulo à cultura popular, educação, saúde boa para todos, tudo isso veio do Che que era mais pensante e ideológico que os outros.

Quando Che criticou a camisa de força que os soviéticos impunham aos cubanos foi retirado de cena, vindo a ser morto na Bolívia com apoio da Inteligência norte-americana no dia 09 de outubro de 1967 (há uma discussão se o dia teria sido 07, 08 ou 09), aos 39 anos de idade.

Ele era muito diferente dos demais e morreu acreditando na sua causa de empoderar o protagonismo pessoal.

Foi admirável como líder mundial dos povos do terceiro mundo, exatamente porque não lutava por si, mas pelos outros.

Temos de entender o momento histórico dele, em plena guerra fria, um estrangeiro lutando voluntariamente para libertar um país que nem conhecia e um povo que não era o seu.

Che Guevara não era o tradicional revolucionário comunista de discurso, apenas, que não vai para a frente de batalha nem pega no serviço nas frentes de trabalho. Ele inspirou o povo cubano e a inspiração libertária que ele que incutiu no povo cubano.

Não se pode analisar o indivíduo apenas com a leitura que parte dos historiadores faz dele. Observe-se que o discurso na ONU no qual o meteórico Che denunciou o imperialismo de viés europeu e norte-americano na África, Oriente, Ásia e América Latina surpreendeu e encantou o mundo na época.

Precisamos estudar menos Gramsci (Antonio Gramsci, filósofo marxista italiano) e mais Guevara; é mais conexo com a América Latina, o Brasil, o antirracismo e o protagonismo social!

*Rodolfo Aureliano Filho é engenheiro graduado pela Universidade Católica de Pernambuco em 1974.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do blog Falou e Disse.

Foto destaque: Che discursando na ONU – Getty Images