Por quê?
Jairo Lima*
Já imagino que estás se perguntando sobre o por que deste título. Natural, já nascemos perguntando. Nossa, por que estou aqui neste mundo, estava tão bom lá dentro!
Pois é, as perguntas no campo filosófico do existencialismo nos perseguem desde os primórdios da vida, o que no mínimo já atesta, mesmo com tantas conquistas acumuladas, o quanto ainda hoje nos desconhecemos.
Progredimos muito no campo material, avançamos consideravelmente na tecnologia, nas descobertas siderais….Mas, por que ainda estamos longe de sabermos quem de fato somos? Por que e para quê estamos aqui?
Não, longe de mim querer apresentar respostas para estas e outras indagações. Se de tudo isso eu soubesse ao menos 10% já me bastariam pra ser perenemente feliz.
Mas, toda essa minha ignorância não me impede de ir em busca de saciar essa minha sede, de perder o medo de me encarar, de ir às regiões mais abissais da minha alma, de me aventurar no que é desconhecido. Infelizmente, ainda é o que acontece com grande parte da natureza humana, sobretudo com aqueles que teriam, digamos, a obrigação de assim agirem, que são os pesquisadores, os cientistas.
Claro que boa parte desses homens e mulheres que nos trazem à tona muitas luzes já percebem que os erros do passado – que levaram Galileu à fogueira, Sócrates à cicuta, Joana d’Arc ao fogaréu, assim como os seguidores de Jesus no cristianismo nascente que foram parar literalmente na boca dos leões – já não cabem mais nos dias atuais. Uffa, ao menos nisto já progredimos.
Pois é, quando nos permitimos nos conhecer, uma nuvem densa vai se dissipando, revelando um horizonte muito mágico e particular, onde as tempestades já não são mais ameaças e nem há mais os abalos sísmicos das dúvidas e os dias invernais da ignorância.
Numa coisa hei de concordar com Caetano Veloso, que foi um visionário quando disse em uma das suas composições: “Cada um sabe a dor e delícia de ser o que é”.
*Jairo Lima é gestor público e artista. É membro da Academia Cabense de Letras.
Foto destaque: stoodi.com.br
