Unicef marca Dia Mundial das Crianças ressaltando “danos irreversíveis” da Covid-19
Agência Unicef
Em 20.11.2020
Um de cada nove casos de Covid-19 é de criança ou adolescente; dentre consequências da pandemia, agência da ONU alerta que desnutrição pode levar a 10 mil mortes infantis por mês até 2021.
Este 20 de novembro, o Dia Mundial das Crianças marca o 31º ano da Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas. Eventos presenciais e com transmissão online debatem avanços alcançados nos direitos infantis em vários países.
Em nível global, o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, realça a ameaça de “danos irreversíveis” causados pela pandemia em áreas como educação, nutrição e bem-estar dos menores.
Crianças e adolescentes
A agência lançou o relatório Evitando uma geração perdida por causa da Covid, revelando que uma em cada nove pessoas entre os casos notificados é criança ou adolescente. Esta é a realidade em 87 países analisados, formando 11% do total de 25,7 milhões de infecções.
O estudo da agência destaca que embora os sintomas sejam leves em crianças, o número de contaminações tem aumentado no grupo. O impacto de longo prazo “pode mudar a vida” de uma geração inteira em áreas como educação, nutrição e bem-estar.
No entanto, o Unicef quer dados mais confiáveis e desagregados por idade para analisar tópicos como infecção, mortes e testes “com vista a entender melhor como a crise afeta crianças mais vulneráveis e orientar na resposta”.
Escolas
Baseada em “fortes indícios” de que as crianças podem transmitir o vírus, a agência destaca que há maiores benefícios em manter as escolas abertas em relação aos custos em fechá-las se forem cumpridas as atuais medidas básicas.
O relatório defende que as escolas não são o principal fator de transmissão comunitária e que as crianças têm maior probabilidade de contrair o vírus fora desse ambiente.
Para a agência, as interrupções impostas a serviços essenciais de saúde e sociais para crianças devido à pandemia representam uma grave ameaça ao grupo.
Em 140 países, a cobertura de serviços de saúde caiu em cerca de um terço. Foram afetadas áreas como vacinações de rotina, atendimento ambulatorial para doenças infecciosas infantis e serviços de saúde materna. Uma das maiores razões tem sido o medo de contrair a infecção.
A cobertura dos serviços de nutrição para mulheres e crianças teve uma queda de 40% em 135 países. Pelo menos 265 milhões de crianças ficaram sem a merenda escolar em todo o mundo.
Assistentes sociais
Mais de 250 milhões de crianças menores de cinco anos estão na iminência de perder a suplementação de vitamina A. Em setembro, houve 65 países onde baixaram as visitas ao domicílio de assistentes sociais, se comparadas ao mesmo período de 2019.
De acordo com o relatório, 572 milhões de alunos são afetados pelo fechamentos de escolas que abrangem todo o país. Quando agregado, o número corresponde a 33% dos alunos matriculados em todo o mundo.
O Unicef estima que mais 2 milhões de mortes infantis aconteçam e haja um total de 200 mil natimortos ao longo do próximo ano devido às crescentes interrupções graves de serviços de saúde e problemas de nutrição.
Entre 6 e 7 milhões de menores de cinco anos crescerão com debilidade ou com desnutrição aguda em 2020. O aumento de 14% faz prever que haja 10 mil mortes infantis por mês, sendo as regiões mais afetadas a África Subsaariana e o sul da Ásia.
Educação e saúde
A porcentagem de crianças que vivem na pobreza multidimensional chegou a 15% em meados deste ano. São mais 150 milhões delas sem acesso a serviços como educação, saúde, habitação, nutrição, saneamento ou água.
Para responder a esta crise, o Unicef apela a que os governantes assegurem que todas as crianças aprendam, ajudando-as a enfrentar a exclusão digital.
A agência pede ainda que seja garantido o acesso a serviços de nutrição e saúde, que haja vacinas acessíveis e esteja disponível o auxílio para áreas como saúde mental, abuso, violência de gênero e negligência na infância.