Aulas presenciais normais
Carlos Sinésio*
Em 24.11.2020
Sem querer fazer adivinhação ou ingênua futurologia, parece cada vez mais evidente que as aulas presenciais em Pernambuco ainda não voltarão à normalidade no início do ano letivo de 2021. Como se sabe, o número de casos de Covid-19 tem aumentado nas últimas semanas. Isso coloca cada vez mais distante o sonho do retorno das aulas da forma como era antes da pandemia que abalou o planeta e permanece matando e massacrando a população.
Muita pressão já foi feita por donos de colégios e escolas particulares para que o governo de Pernambuco autorizasse a volta do ensino presencial nos últimos meses. Temem o fechamento de um número ainda maior dessas unidades de ensino, com a migração dos estudantes para a rede pública. Estima-se que mais de 200 escolas fechem as portas, no Estado, por causa do Coronavírus até dezembro.
Recentemente, quando as autoridades autorizaram o retorno das aulas, a maioria dos alunos e seus pais optou por continuar com as aulas on line. Isso porque as crianças e jovens, por serem em sua maioria assintomáticos para a doença, são grandes propagadores do vírus.
Diante do quadro atual e com o aumento de vítimas da Covid, fica difícil imaginar a volta à normalidade antes de se ter uma vacina eficiente disponível na rede pública para toda a população. Como pai de adolescente, faço coro com a maioria dos pais e mães que continuam preferindo as aulas on line. Tudo para que os jovens não levem pra casa uma doença cruel, que mata facilmente as pessoas que se enquadram nos grupos de maior risco, como idosos, hipertensos ou cardíacos, obesos, asmáticos e diabéticos, por exemplo.
Vale lembrar que, entre os jovens, a prática efetiva do distanciamento social é quase impossível dentro de colégios, por mais cuidadosos que sejam os dirigentes, professores e demais funcionários.
Enquanto não for aplicada de forma eficiente uma das tantas vacinas que cientistas de todo o mundo desenvolvem, ninguém deve brincar com a situação e dar vacilo. O vírus está muito vivo, circulando por todos os lugares e, por isso, toda precaução para evitar a sua propagação deve ser tomada. Infelizmente, imensa parcela da população não está tomando os devidos cuidados, lotando praias, ambientes de festas fechados e abertos, parques, praças e outros locais que são campo fértil para a propagação do Coronavírus.
Já está chegando o final do ano letivo, se é que se pode dizer que ocorreu de fato. O letivo de 2021, para a maioria dos alunos, começa em fevereiro. Ou seja, dentro de pouco mais de dois meses. Até lá é pouco, muito pouco provável que a população esteja vacinada e imunizada contra a Covid.
Assim fica difícil imaginar ou acreditar que as aulas presenciais normais tenham mesmo uma data certa para seu recomeço efetivo. Até que tudo volte ao normal, só nos resta tomar todos os cuidados para não contrairmos e repassarmos a doença e torcer para que uma vacina imunize toda a população o mais breve possível.
*Carlos Sinésio é jornalista com 35 anos de profissão. Trabalhou nos jornais O Globo, Jornal do Commercio e Diário de Pernambuco. Foi assessor de comunicação em diversas instituições públicas e privadas e repórter freelance no jornal O Estado de S. Paulo e na IstoÉ. Atua na TV Alepe. Escreve às terças-feiras.
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Foto destaque: g1.globo.com