Como o Cabo vai se preparar para o terminal marítimo de passageiros de Suape?
Frederico Menezes*
Em 03.12.2020
Em evento ocorrido na última semana de novembro, em Porto de Galinhas, com o trade turístico e jornalistas do setor, a prefeitura de Ipojuca apresentou projeto para um terminal marítimo de passageiros no Porto de Suape, utilizando parte da estrutura do estaleiro Atlântico Sul, que tornou a funcionar, mas de forma limitada. O objetivo seria receber navios de cruzeiro que hoje aportam no porto de Recife, sendo que cerca de 80% dos turistas flutuantes esticam até Porto de Galinhas, levando cerca de 01h20 até o destino. Com a proposta apresentada, esse tempo diminuiria para cerca de 20 minutos, permitindo mais horas disponíveis para que os turistas aproveitem Porto de Galinhas e consumam mais. Segundo se fala, a Embratur teria comprado a ideia e a movimentação para a concretização da proposta já se realiza.
Como cabense, gostaria de ver o Cabo de Santo Agostinho sendo beneficiado pela iniciativa, caso ela, claro, se viabilize. A proximidade com a vizinha Porto de Galinhas e com o porto de Suape faz de nossas praias naturais candidatas a receber os milhares de turistas internacionais e nacionais que habitualmente fazem estes cruzeiros.
São turistas com gostos apurados e um maior nível de exigência a respeito do que é o destino em termos de segurança e de como vai encontrar o destino. Daí a necessidade de nossa cidade, tão rica de beleza natural e de expressões culturais, se adequar, se equipar da maneira mais apropriada. Isso passa por preparação de mão de obra, infraestrutura, pelo cuidar dos equipamentos turísticos, por limpeza, segurança e preparação da população para a presença dos turistas, etc. Diante do que observamos da orla do município do Cabo muito precisa ser feito nessa direção. Não basta ter sítios históricos e beleza natural se o entorno apresenta desordenamento urbano e ausência de higiene. Não basta ter equipamentos culturais se estiverem apresentando deterioração ou improvisação em sua exposição.
O Cabo já foi escolhido, na década de 1980, município turístico do ano em Pernambuco, com eventos e iniciativas que mexeram com o setor no Estado. O Trade Turístico era sempre envolvido nas ações governamentais e a folheteria de divulgação era de muito bom gosto, vendendo os atrativos da cidade. Gaibu não apresentava os problemas urbanos que hoje marcam sua paisagem, mas temos outras joias como as praias de Paraíso e Calheta, com tirolesa e restaurantes (embora precisando de adequação, melhor qualificação para os visitantes), a vila de Nazaré e seus monumentos, os doces tradicionais e o sopro da vida nativa ainda forte nesses locais.
O turismo é grande gerador de emprego e renda e, ao meu ver, vocação natural da terra descoberta por Vicente Pinzón.
Para que o Cabo se torne natural parceiro dessa feliz iniciativa de Ipojuca é fundamental a união de todos – poder público, trade turístico, artistas, moradores – para que se discuta o potencial turístico da cidade, os problemas a serem superados e para que se viabilize como destino seguro e natural aos que aportarem no terminal de passageiros. Acho que a ideia irá prosperar pela força argumentativa e a solidez da proposta. Pernambuco só ganhará com sua concretização. A cidade do Cabo não pode perder tempo. Hora de se movimentar nessa direção. Hora de retomar a dinâmica do setor no município. O turismo é grande gerador de emprego e renda e, ao meu ver, vocação natural da terra descoberta por Vicente Pinzón.
Hora de mobilizar os segmentos envolvidos diretamente, despertando da hibernação em que se encontra esse potente vetor de desenvolvimento do município. Traçar diretrizes, fortalecer o trade e a Secretaria de Turismo e Cultura, capacitar a população, organizar a infraestrutura e valorizar os agentes e produtores culturais da cidade. Este é o momento para se iniciar. O tempo corre. O gigante turístico e cultural que é o Cabo de Santo Agostinho precisa despertar. E despertar agora.
*Frederico Menezes é escritor e membro da Academia Cabense de Letras.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do blog Falou e Disse.
Foto destaque: Praia de Calheta – Marcelo Ferreira
Que proposta alvissareira, Fred! É preciso chegar aos ouvidos da nova equipe gestora para colocar nossa Cidade no lugar turístico e cultural de onde nunca devia ter saído. Parabéns!