A derrota dos radicais

Por
Carlos Sinésio*

Em 08.12.2020

A fragorosa derrota do lulismo e do bolsonarismo nas últimas eleições, cá pra nós, não foi nenhuma surpresa para quem acompanha a política nacional com racionalidade e os pés no chão. Pra quem procura ver o tema sem paixões irracionais. Ela demonstrou que grande parte da sociedade não está mais valorizando assim os extremistas e o radicalismo, o populismo demagógico.

O resultado saído das urnas das eleições municipais neste 2020 sinaliza que um candidato sério, ficha limpa e que se coloca politicamente mais ao centro poderá se dar muito bem na disputa presidencial de 2022. O presidente Bolsonaro e o ex Lula da Silva precisam se reinventar e encontrar novos caminhos para obterem sucesso eleitoral na próxima eleição, caso cheguem mesmo a concorrer.

O radicalismo e a política populista está em baixa.  Ainda falta muito tempo para o próximo pleito, mas é bom os dois se conscientizarem que muitos, muitos eleitores não estão mesmo aprovando a forma deles agirem. Contra Bolsonaro, pesa ainda o fato de fazer um governo fraco, com uma economia em profunda crise sem dar sinais claros de recuperação.

Como se sabe, os principais candidatos apoiados por Lula e Bolsonaro tiveram desempenho negativo. Alguns, obtiveram das urnas uma votação pífia, pra não dizer até ridícula. Isso, claro, em linhas gerais, pois há exceções. O eleitorado deu o seu recado bem claro, avisando que o extremismo não está com nada para a maioria. Ainda bem.

Na edição do último fim de semana, a revista IstoÉ trouxe uma ampla reportagem abordando com profundidade o assunto. Diz a publicação na abertura da matéria “O beijo dos afogados”: “Jair Bolsonaro e Lula provocaram o extremismo para crescer e dependem um do outro para se manter em evidência. Mas a sociedade cansou. Os dois foram os grandes derrotados nas eleições. A população rejeitou o ódio e a demagogia”.

Também a revista Veja publicou matéria de capa, na edição desta semana, abordando o tema na mesma linha. Lembra que, pelas pesquisas atuais, Bolsonaro lidera a corrida presidencial por enquanto, mas seu futuro é tão incerto quanto o de Lula ou de outro nome do PT para sentar na cadeira presidencial.

Vale lembrar que até agora apenas Bolsonaro é tido como candidato de fato em 2022. Outros nomes conhecidos são lembrados, mas muita coisa vai acontecer até terem candidaturas consolidadas.

Diante de todo o cenário político e suas nuances nem sempre republicanas, o certo é que Bolsonaro e Lula terão que mudar, tomar novos rumos para conseguir êxito nas eleições de 2022, seja como candidatos ou indicando ou apoiando nomes. De preferência, escondendo seu lado demagógico e populista. Do contrário, poderão colher nas urnas derrotas muito mais acachapantes do que as obtidas neste triste 2020, marcado, sobretudo, pela pandemia da Covid-19.

*Carlos Sinésio é jornalista com 35 anos de profissão. Trabalhou nos jornais O Globo, Jornal do Commercio e Diário de Pernambuco. Foi assessor de comunicação em diversas instituições públicas e privadas e repórter freelance no jornal O Estado de S. Paulo e na IstoÉ. Atua na TV Alepe. Escreve às terças-feiras.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do blog Falou e Disse.

Foto destaque: bbc.com