2020, o ano das nossas vidas

Por

Jairo Lima*

Em 13.12.2020

Esse vírus que nos trouxe dores

Trouxe-nos também alguns presentes

Trouxe os nossos amigos ausentes

Trouxe-nos até antigos amores

Trouxe muitos aromas de flores

Trouxe-nos o abraço da criança 

Nos trouxe de volta a velha esperança

Que muitos deixaram ir embora

De volta trouxe a Nossa Senhora  

Com seu belo exemplo de confiança   

Veja você como são as coisas. Bastou a vida nos tirar da zona de conforto por apenas um ano, e pronto, o mimimi começou: O ano foi ingrato; Que 2020 passe logo! O ano foi péssimo… e por ai segue a ladainha de que atrasamos um ano inteiro nas nossas vidas.

É fato que o novo coronavírus trouxe-nos dificuldades, privações, dores pelos nossos entes, aderentes e amigos queridos que partiram, mas, no frigir dos ovos, tivemos, e ainda estamos tendo, grandes ganhos em todos os campos, desde o da afetividade, passando pela criatividade e pelo conhecimento científico.

Nada do que foi será do jeito que foi agora; tudo passa, tudo vai passando…Entretanto, muito, mas muito ficará impresso nas nossas lembranças, na história que nos constrói individual e coletivamente. Ficará tatuado em nossa alma o medo, a angústia e a ansiedade que nos fizeram perceber quão é sutil o fio de ouro que nos liga desta para outra dimensão. Ficará um sentido do fim desse ciclo de vida com algo de fato factível e literalmente na rapidez de um piscar de olhos.

Ficará ainda a reflexão sobre tudo que estamos fazendo com a natureza; no mínimo, a dúvida que não estamos colhendo o que plantamos, ou, neste caso, o que não plantamos (?). Ficará um caldo de reflexões sobre tudo e sobre todos e, sobretudo, sobre nós mesmos.

Dizem que nós, humanos, temos sempre dois caminhos para o aprendizado: o caminho da sabedoria e o caminho da dor. Na minha modesta compreensão, para nossa felicidade “temporária”, o carteiro ainda não nos entregou a encomenda, está apenas a caminho, enviando-nos recados. Portanto, aos sábios, a preparação. À turma do mimimi, uma possível surpresa.

Se, de fato, queremos que o mundo melhore, isso só será possível com a compreensão de que nós somos o mundo.

*Jairo Lima é poeta, escritor e membro da Academia Cabense de Letras.

Foto destaque: Revista Absollut